Veleiro

[Verso 1: Makalister]
Nos tabloides: viagens, retiros, massagens, terapias
Suas pernas, lisinhas
Seus olhos, safiras
Destinos
Involuntária é a vertigem na orla do abismo
Eu cai
De fome, segredos
Amordaçavam os meus beijos
De podre por dentro para saudável e frutífero
Tu és a ilha, a terra
Eu sou as águas, o ar, o veleiro, a névoa

[Ponte 1: Makalister]
Balança o barco no mar
Fantasma preso a tarrafa

[Verso 2: Makalister]
Alamedas, cortejos
Serragem pelo asfalto preto
Divino é o desenho da deusa em meu seio
Marcado de vermelho
Rasgara o hemisfério do meu coração
Sem fôlego
Deserto
Meu peito é um céu
Solitude de universos presos num globo de neve
Decoração do hall
No móvel de carvalho no saguão

[Ponte 2: Beli Remour]
Quando cê ouviu a porta fechar por trás de você

[Verso 3: Makalister]
Cavernas, grutas
Nem as valetas mais profundas guardam segredos ao te ver
Nos beirais das janelas, orquídeas
Espero que derramem sobre mim suas salivas, seus fluídos
Permeando selvas
Catástrofe
Desordem
Monumentos em pedaços pelo chão
Divino é o desenho da deusa

[Verso 4: Beli Remour]
Lunar eu sou deitado em suas coxas macias
No precipício das ranhuras
Que tem em seus lábios
Eu vejo acidentes
Tenho seus beijos presos em minhas cordas vocais e
Atravessado sobre seus cílios postiços que desenham seu rosto
Dunas de concreto escondem as dores do passado
Que deixaram marcas sobre seu peito
Ainda me vejo nulo quando teus olhos discretos me notam
Te deixando salivar
Balanço o barco no mar fantasma preso a tarrafa
Onde os remendos foram os dias e hoje eles são o chumbo que nos fez afundar
Fantasma preso a tarrafa
Eu sou