Vagabundo!

[Verso 1]
Eu sei a sensação quando te tratam como um vagabundo
Sua arte não é trabalho, é uma coisa de outro mundo
Eles dizem que você “vai indo”, só veem o lado escuro
Ficariam satisfeitos eu num escritório contando os minutos?!
Você é uma vergonha, um peso, um infortúnio
Você quer ir embora, a saída é o túmulo
Isso é mais forte que você, tampo os ouvidos, não fico surdo
As vozes ficam mais fortes se não colocar pra fora eu me anulo
Isso é minha cruz, minha praga, vejo um vulto
É a morte, de novo, reconheço o barulho
"Eu tô aqui, Fernando, que tal mais um susto?!"
Ela grita, me puxa, sinto o ar mais curto
Meu corpo tá em choque, meu cérebro em curto-circuito
"Você não vai ser nada! A música vai te deixar duro!"
Mas é tarde demais pra voltar, milhares de horas e muito estudo
Reconhecimento vai vim? Não sei, que se foda o futuro!

[Refrão]
Gênio, visionário, abençoado
(Vagabundo!)
Você vai ser amado, admirado
(Vagabundo!)
Aclamado, aceitado, respeitado
(Vagabundo!)
Querem que eu pare? Querem que eu pare?

[Verso 2]
Carteira com dois reais, Rivotril e o RG
Cartão de débito da minha mãe, quando é que eu vou crescer?
O bilhete único não tem crédito, o motô pede pra eu descer
É meio dia e trinta, o sol trinca, na pele o fogo queima, arde!
A casa tá atrasada, ontem a água foi cortada
Pega as poesias e paga com rimas fracas
Com 100 instrumentais bostas, sem alma, sem graça!
O que quer que eu faça? O “Cartão de Arte” não passa...
Décimo terceiro? Nego, eu ainda nem ganhei o primeiro
Meu dinheiro tá preso, em cima do cerebelo
Escreve preto, vai!
Funciona lado direito!
Eu escrevo o que eu vejo...
As vezes o que eu vejo da medo!

[Refrão]
Gênio, visionário, abençoado
(Vagabundo!)
Você vai ser amado, admirado
(Vagabundo!)
Aclamado, aceitado, respeitado
(Vagabundo!)
Querem que eu pare? Querem que eu pare?