Última Sentença

[Verso 1: Bomba]
É muita pressão não consigo suportar
Enquanto isso chuva vai, onde vai
Onde vai cair, onde vai desabar
Olha se tem bico na rua, algo pra pescoçar
Enquanto isso a grana voa, muita pessoa
Uns afunda na canoa, outros na lanche ri atoa
Uns lota busão outros manda buscar
Olhando sempre no relógio pra não se atrasar
Mal sabendo do atraso do povo hoje em dia
Comemore dois mil ano de ódio e covardia
E quem explode a pólvora ou quem chicote estala
Onde derrota é vala, vitória só na bala
Fazendo a mala, mudança é dentro de você
Igreja tá lotada, fanatismo pra que?
Desespero, família em pé de guerra
Tudo isso aqui na Terra, falta chão, chora a velha
Expectativa de vida não tem
Tem que rezar pra tudo que é santo, Ave Maria, amém
Escura situação, dura, nebulosa
Poderia até dizer mais, mas a violência é cabulosa
Muito suor em troca de alguns centavos
Vou caguetar: aqui no Brasil existe trabalho escravo
E mesmo assim esse povo não para de sorrir
Busca no além forças pra prosseguir
A TV te engana, você nem pensa
SP Funk, última sentença

[Refrão: Scratchs]
Esse país tá uma merda e nós verdadeiro
O povo da cidade ferida
Esse país tá uma merda e nós, nós, nós
O povo da cidade abandonada
Esse país tá uma merda e nós
O povo da cidade sem mais nada

[Verso 2: Maionezi]
Questão em pauta, discussão, nanana nada se faz
Pelo povo brasileiro que todo dia acorda cedo
É Maria, é João, é José
Todo mundo fudido no mó perreio
Futebol, carnaval, mulher
Nossa imagem pro estrangeiro
Aqui, infelizmente a cara é outra, é só flagelo
O povo sorrindo contente, indiferente, banguelo
Despreocupado com tudo que tá rolando no país
Acomodado, fudido e mal pago, sem diretriz
Confira por si próprio, os números não mentem
Dois milhões de analfabetos
Como pode estar forte a corrente?
Se não tem estrutura, é só fratura exposta todo dia
Ta faltando cultura, informação, lazer pra periferia
Como um vírus letal, vim me alojar na sua mente
Contra toda a mídia global que domina incondicionalmente
Em coma profundo, entorpecido, pobre cidadão
Desiludido com tudo, vivendo a vida sem razão
Na frente da televisão vendo a podridão
Brasil é um Titanic naufragando no mar de corrupção
Lavagem de dinheiro, esquema, vai pagar propina
No posto não tem vacina, violência faz chacina
Um clima tenso no ar, bomba pronta pra estourar
Do jeito que tá não dá, onde a gente vai parar?

[Refrão: Scratchs]
Esse país tá uma merda e nós verdadeiro
O povo da cidade ferida
Esse país tá uma merda e nós, nós, nós
O povo da cidade abandonada
Esse país tá uma merda e nós
O povo da cidade sem mais nada

[Verso 3: Tio Fresh]
Terra à vista, corrupção enxerga tudo
O povo sem estudo, fala, mas fica mudo
Tudo que tem, tudo que conseguiu se foi
São Pedro joga água, São Pedro não dá boi
No que me diz respeito, eu batalho e consigo
Sofrimento nacional, executivo é inimigo
Judiciário não funciona, disso eu não duvido
Legislativo tá fodido, vendido e falido
Corrompe, corrói, destrói, união jamais
Eleições me trás más lembranças, eu criança
Na balança, já via a matança
Olho para os brancos, as vezes penso em vingança
Tranquilo nem quando tô dormindo
Segurança abstrata, minha cidade mata sorrindo
O rico limpo e cheiroso fica assistindo
O pobre sentindo, de lágrimas só tem um pingo
Vagabunda trepando fica mentindo
No inferno, qualquer policial é bem vindo
O ar que eu respiro trás paz
Mas penso em morrer quando a justiça é ineficaz
Toda propina é proveniente de algum esquema
Congresso não põe a mão no fogo, se não queima
Nesse país quem não pensa o corpo padece
Ó pátria amada idolatrada, salve, salve, esquece
Sotaque na boca, futebol no pé
Revolver na mão, Brasil, é assim que você é