No início, discretamente, aquele esgoto imenso a céu aberto se fez
Oriundo de um cano estourado na esquina da rua da miséria com a avenida estupidez
Contaminava sem pudor os arredores de um bairro imenso
Tão afastado das chances, ignorado em consenso
Com o tempo, a vala foi ficando muito à vontade
Crescendo e aparecendo nessa comunidade
Já não incomodava quem morava por lá
Se o cheiro agradava, que outro cheiro cheirar?
Tudo que não era esgoto agora fedia
Tudo que não era esgoto fedia
Inclusão salutar trouxe consigo esse cheiro próprio
Negócio lucrativo comercializar a bosta feito ópio
Então o cocô exalava um bálsamo de primeira
Então a boa era feder de qualquer maneira
Então quase ninguém queria ser agulha no pardieiro
Então viva o borogodó do mulato inzoneiro
Se espalhou, dominou, tomou conta de todo o país
Na sarjeta imunda, orgulho entranhado até criando raíz
Podridão difundida, patrimônio cultural
E quem não curtisse aquilo, era débil mental
Desde a mais tenra idade, crianças já brincavam contentes
Alimento mosquitos e vermes sorridentes
Uma parte da memória, tradição, costume
Banhos demorados, estrume era o perfume
Tudo o que não era esgoto agora fedia
Tudo o que não era esgoto fedia, fedia, fedia
Tudo o que não era esgoto agora fedia
Tudo o que não era esgoto fedia, fedia
Tudo o que não era esgoto agora fedia, fedia (fedia)
Tudo o que não era esgoto fedia
Tudo Que Não Era Esgoto was written by Jay Vaquer.
Tudo Que Não Era Esgoto was produced by Moogie Canazio.
Jay Vaquer released Tudo Que Não Era Esgoto on Fri Jun 03 2016.
“Tudo que não era esgoto é a segunda faixa. Ápice e mais emblemático discurso dessa sensação de exílio. Música densa, intensa e não é um arranjo “porradaria” embora vigoroso. E a metralhadora gira legal. Ra-ta-ta-ta…rsrs”