Terra do Nada

[Letra de "Terra do Nada"]

[Verso]
Esta é a terra do nada
Terra de sopeiras, azeiteiros
Sanguessugas da noite, putas e forasteiros
Aqui o pó é tão mau que os ressacas morrem depressa
E onde as velhas falam mal de mim numa conversa
Os cotas, falam de bola no barbeiro
Abres a porta dos fundos sentes o cheiro do dinheiro
A coca na panela, um calendário da Pamela
E uma dúzia deles a dar nela
A bófia passa devagar, acena e diz olá
O seu negócio cresce, polícia pensa no amanhã
De certeza que vais encontrar um familiar
Porque o mundo é pequeno e tu és fácil de encontrar
A roupa nos estendais tira-te a visão
De ver os putos brincar com borboletas na mão
O sol do meio dia está quente, tu aqueces
Viúvas choram, fazem as suas preces
Acendem velas aos mortos, guardam a pasta nas mamas
Amuletos de ouro afastam as más almas
O ginásio está cheio de desempregados
Puxam ferro no crime dos pesos pesados
As "Marias" ficam no lote a embalar pacote
Com dote de sustentar filhos, é fodido filhote
Esconde bem o guito e o MP3 morcão
Porque aqui o ladrão faz ocasião
Joga o clube da zona, pode subir de divisão
Os cotas com os copos seguram a navalha na mão
Conclusão, só param quando chegam os G.I's
Uma bifana no tasco com um final feliz
Joga-se à lerpa, sobem alguma fasquia
O que é ganho é gasto em casas de dia
Um conto de ganza, uns trocos para o passe
Estes cotas rebentam com a 4ª classe
Trinta anos de descontos p'a Segurança Social
A ver os outros descontar p'a segurança pessoal
Não se desgraçam, eles, nasceram desgraçados
Condenados a uma vida de merda sem planos