SÁBIOS E BOBOS / #ENSAIO2

Eu tenho uma fama antiga de não ficar em dívida
Com quem me ouve e guarda o meu nome nas espectativas
Tenho perícias distintas das linhas que vocês incitam
A minha linhagem está quase extinta, haja ciência pra minha saliva
E caminho pros que se perdem, calmaria nas intempéries
Que Deus guarde os meus tropas e nos livre todos da paupérie
Quem me enfrenta encontra a fórmula certa pra que se ferre
Comigo é John Steinbеck vs Johnny Berry
Tenho mania nauseabunda dе trazer escrita cava e funda
Corrijo em poesia a má energia que me circunda
Mente profunda, fecunda, dou-te a mais pura tintura
Boy, caga na moldura empunha bravura na tua pintura
Elevei o estilo 10 casas acima do possível
Eles esperam que eu desça 12 pra que me torne perceptível pra eles
Eu abro as portas que dão acesso ao inatingível
E levo comigo quem ainda tem sede de passar de nível
E é sem pressas, dou tempo ao tempo eu estou montando peças
Rap pra uma vida inteira e não pra uma noite de sexta
Trabalhe o teu com modéstia, põe o teu espírito nas letras
O tempo tem dente de leite pra coisas destas
Nem sempre as palavras me prestam pra algo, tenho de admitir
Elas parecem montes vagos pro peso do que estou a sentir
Meu silêncio é covardia e às vezes tenho nojo de mim
Mas o que te dobra dobra à mim, I got your back Platiny
Vou dar arranjos a flores em público, ouviste?
Rosear versos de estima pra que os oiças enquanto vives
Minha caneta persiste, surreal, pincel de Magrite
E eu a ergo sempre em riste contra o mal que me agride
Haja braço pra essa cruz, ainda lembro que eu compuz
Versos mais obscuros na noite que não apaguei a luz
Cruz credo! E o único recurso que eu rebusco é este instrumento luso
Que eu conduzo e me dá forma visível quando eu luzo
Essa palavra que eu uso, que eu costuro na introversão
Que não deixa escassa a minha reserva de inadaptação
Contra esse mundo sujo, e nem há um motivo escuso
O sumo do que eu sou está incluso no que eu reproduzo
Eu assumo, é como se esse texto tomasse corpo
E me levasse ao colo toda vez que dou tombos no poço
E eu retornasse novo em espírito, carne e osso
Dando cordas a um sonho em vez de dar corda ao pescoço
Boy, eu estou farto de dar passos no fogo
Sei bem o quanto é doloroso olha pra mim eu já me queimei todo
Boy, eu estou farto de dar passos no fogo
Sei bem o quanto é doloroso olha pra mim eu já me queimei todo
Boy, eu estou farto de dar passos no fogo
Sei bem o quanto é doloroso olha pra mim eu já me queimei todo
Boy, eu estou farto de dar passos no fogo
Sei bem o quanto é doloroso e a vida não poupa sábios nem bobos