Ruas do Rio

[Verso 1: Taz Mureb]
Se quiser me achar, eu não mando aviso
Se quiser trocar, mano é 'dois palito'
É só prejuízo
Quem me vigia não dorme
São Sebastião guarde as ruas do Rio
De Janeiro é sol
Sol é verão
Bala come no alto do vidigal
Capital nacional da extorção
Padrão de exportação da miséria
Só pra manter o carnaval
Fecharam o túnel que leva até a rocinha
Meu primo tava lá
Disseram que ia pra casa, ele vinha
Ainda não chegou
Vou ter que mandar buscar
Notícias de uma guerra particular
Favelas são campos de extermínio
Segue meu racíocinio
A mente de quem engatilha não é paga pra raciocinar
Tribunal a céu aberto, cheiro de concreto
Queimando no ar era mais um pneu
Ninguém sabe o que aconteceu
Mas assim que é:
Quem abriu a boca fingiu que não deu
Diz que foi o Zé
Caiu em contradição, fechou o tempo
A bola nem rolou e ele pagou de juiz
Bem vindo ao Rio
A bala come sem medo
Na favela onde eu nasci tá difícil ser feliz

[Refrão: Taor]
Favela, favela, favela, favela
Porque eu sou cria da favela
Porque eu sou cria da favela
Porque eu sou cria da favela
Porque eu sou cria da favela

[Verso 2: Kiniso]
Dispensa apresentações, as ruas daqui me conhecem
Nessa guerra de facções, os que não morrem eloquecem
Embora eu tenho visto tudo, eu nunca sei de nada
Quando estoura a guerra aqui na favela
Viro refém da minha própria casa
O morador não aguenta mais esse conflito
Ontem mais um inocente foi atingido
Quantos de nós terão que morrer?
Pros nossos entender quem é o verdadeiro inimigo
Sempre atento nunca despercebido
Cada área tem seu próprio veredicto
Na Zona Oeste não é diferente
Avenida Cesário de Melo
Menó de pistola descarrega o pente
Mais um integrante do poder paralelo
Noto maldade em olhares
Desigualdade e seus contrastes
Minha vivencia me faz ser respeitado em vários lugares
Desço em paciência vou andando até o Antares
Mais um ônibus pegando fogo, caverão parado na entrada
Cada qual tem sua função no jogo de cartas marcadas