[Verso 1]
O sentimento
Fica tenso
Quando tento compensar
Todo o tempo
Que eu perco
Especado
A pensar
E é ao tempo
Que eu peço
Para atrás voltar
Mas o tempo nunca volta
Nunca o vejo parar
E eu não paro de escrever
Não paro de criar
A poesia que me inspira
E me faz levitar
Escrevendo
Vou perdendo
Parte do dia-a-dia
Vivendo esta vida
Ao sabor da minha escrita
Saboreio cada tema
Inalo cada beat
Com a perícia extrema
Necessária neste tipo
De vocação e digo
Repito e confesso
Que tudo o que eu sinto
É o que deixo aqui expresso
Passo a passo
Verso a verso
Trabalhando a cada letra
Combatendo contra o tempo
Que cai na ampulheta
A caneta vai desenhando
Tudo aquilo que eu penso
Na folha em branco
Deixo a minha vida em extenso
E às vezes eu perco o foco
Mas nem no fundo do poço
A minha calma
Se transforma
Num alvoroço
Só não perco o estofo
Porque nunca corro
Em busca da fama moço
Eu tou acima do topo
E a remar contra a maré
Não chego a nenhum lado
E quem por mim não mexe um pé
Eu não vou torcer o braço
E tu, liberta-te, sai do laço
Que te aperta o pescoço
Não te percas nesse espaço
Sombrio e sem cor
Sente a vida e o sabor
Que ela tem para oferecer
Aprecia cada etapa
Que tu tens para viver
Não deixes de viver por nada
Não pares por nada
Pés bem assentes no chão
Nesta longa caminhada
E se parares aproveita
E pensa um bocado
Tenta chegar à razão
Não vivas inconformado
E tá atento à condução
Que tu usas neste carro
Porque a vida é uma estrada
Preenchida de obstáculos
E tu tenta contorná-los
Não recues ao primeiro
Desafio que tenhas na vida
Torna-te um guerreiro
E batalha!
Dá tudo nesta batalha
Nesta guerra que não para
Nesta vida tão ingrata
Cheia de minas no mapa
Solta o grito da revolta
Olha bem à tua volta
E vê se captas
As caras que se mascaram
Na tropa que te rodeia
Não queiras ser a chacota
Para o resto da plateia
Não queiras ser atacado
Pelo resto da alcateia
Nem queiras ser o lobo
A quem se faz a cara feia
É certo que sou brincalhão
Mas não brinco a trabalhar
Mesmo na improvisação
Tento sempre arrasar
E pros que andam a falar
Do jajão ou do percurso
Eu só tenho é que mostrar
A medalha do concurso
E é verdade que sou puto
Mas batalho diariamente
Para ter um bom futuro
À pala do talento
Enquanto eu vou rimando
Entretanto passa o tempo
E quando
Não há trabalho
Trabalho no passatempo
Com o mano duarte
Sempre no movimento
A mostrar a arte
Que ambos sentimos cá dentro
Provenientes de dois pontos
Diferentes do continente
Mas sempre unidos
Num só caminho
Nesta vertente
E pra quem não sabe
Eu deixo o meu endereço
Sou de barcelos, do norte
E com muito apreço
Galegos santa maria
4 7 50
Batemos co pé na porta
Somos a malta que rebenta
É lá o sítio
Onde tá a minha família
Junção de sentimentos
Que me arrepia a espinha
Meu espaço de lazer
De relaxe e prazer
Onde estão aqueles
Que vou sempre proteger
E no que toca ao mic
Tenho muito para aprender
Por isso o objetivo
É nunca parar de crescer
Porque eu venho pa mostrar
O que a puta da casa gasta
Porque a luta nunca para
A inspiração nunca baza
Uns fazem e acontecem
Pois eu faço e adormeço
Para acordar novamente
E evoluir a cada verso
Isto é um resumo do que sou
E um resumo do que faço
E presumo que neste som
Deixei claro o meu retrato
Podem falar à vontade
Eu já me retratei
Porque no rap eu sou o rap
E caguei para ser o rei!