Raíz

[Refrão]
O meu lugar
Eu sei qual é
Eu sei qual é

[Verso 1]
O meu lugar estava
Distante das garras
Do horizonte sujo
E do fumo das fábricas
Não se podia errar
Como um lançador de facas
A mão que destruía
Era a mesma que ordenava
Antes de aparecer o dia
A madrugada já esperava
O bagaço que aquecia
Quando não havia máquinas
Num campo dourado
Suor e sangue derramado
À espera do novo mundo
Como tinham sonhado
Em cantares e modinhas
Melodia sobrevive
Na taberna lá da terra
E na rua onde eu vivo
Já estive em
Tanto sitio
Mas sinto-me estranho
Ofereceram tanto vicio
Eu tenho um toque de insano
Como um bloco sem planos
A procurar magia
Tempero alentejano
Faz boa gastronomia
Viver de forma pacata
Numa moradia
Meu lugar é perfeito
Se for perfeita a companhia

[Refrão]
O meu lugar eu sei qual é
O meu lugar eu sei qual é
O meu lugar eu sei qual é
Eu sei qual é

[Verso 2]
Eu venho da cidade de Évora
Sou filho dessa terra
Que fez de mim um rapper com raízes de pedra
Velhos hábitos
Putos vadios
Sotaque sádicos
Local mágico
Não se vive muito rápido
A passo e passo
Eu puxo e travo
Brindo e bebo ao passado
A cantiga é antiga, cidade tão bonita
Mas o tempo passou ao lado
Já ninguém quer aqui viver
Está tudo a imigrar
Porque são muitos a colher
E poucos a semear
E os loucos ficam plantados
Que a dope é mais barata
Quem anda à noite nesta estrada
Não trabalha de gravata
Deixa respirar
Porque o ar é mais puro neste deserto
Pulmão do universo é o fuckin' alentejo
Orgulho de cada quadra
Orgulho de cada verso
Vamos ficar por aqui

[Refrão]
O meu lugar eu sei qual é
O meu lugar eu sei qual é
O meu lugar eu sei qual é
Eu sei qual é