Quero-te até aos ossos
Com o limbo e as trincheiras
Com as noites mal dormidas
Do ingénuo da cegueira
Apanhar-te os estilhaços que alguém deixou
Quero o arrepio
E o brotar das nossas rugas
Ter a ponta dos cabelos
Na ponta dos meus dedos
E na ponta dos teus medos vou ficar
E adormecer
P’ra não mais acordar
Quero-te com os gritos
Com as lutas e as bandeiras
Com a roupa desarrumada
Desarrumas as ideias
E uma vida inteira deita cor
Quero-te acabar
Folhas escritas, folhas brancas
Quero ler-te devagar
Respeitar-te e repetir-te
Como quem as entranhas tem p’ra dar
E adormecer p’ra não mais acordar
P’ra ficares, ao destino eu pedi
Mas ele veio e riu-se de mim
Nos recantos da alma ainda procuro por ti
E se do teu vício me deste a provar
Vou beber p’ra não mais acordar
Vou beber p’ra não mais acordar