[Verso 1]
Agora, eu que quero ver
Dessa criatura que segura as pontas
Quem vai pagar as contas a dever
Se tem alguém que atura, sem tanta cachaça
De careta, tu rechaça, vai entender
O tamanho da encrenca e da treta
De acordar e dormir
Todo dia, com essa raça, consumir
Uma pá de pó e manguaça
Anestesia pra terrível sensação
De ser consumido pela traça
Pesadelo medonho, vendo rato e barata
Ratos eram reais
Era sonho? Que nada
Tava me saindo muito mais que caro
Então, eu acordei
A casa não queimei
Mas me livrei do rato
O preço da barata nem saiu no meu extrato
Não precisei pagá-lo, já tinham me avisado
Do rato já pisado
E, da barata, que pisaram
Saiu creme nojento
Aquilo que tem dentro, alguns presenciaram
A casa não é minha, muito menos a vizinha
Que sorria pra mim
Não, de mim, que ela ria, bem naquele intento
E há diferença?
Então, dá licença
Era ali que eu comia
Ali que eu dormia
Como todo mundo sabe, eu tomava o meu banho
A minha hospedaria
Porque casa não é lar, meu lar não era lá
Lugar que não é lar, estranho de energia
Câmera a filmar, eu vivia minha vida
Não tinha nem ideia, só queria era chapar
E não sabia da plateia que ria de gargalhar
"E eu com isso, irmão?"
E eu sei lá, eu sei que eu tava lá
Sendo eu mesmo, com as minhas alegrias e dores
Pois eu não sou ator
Mas, ao vivo, o mundo todo via as cores da minha dor
[Refrão]
Eu estava lá
(I've been there and my name is Gus)
Câmera a filmar
(Don't discuss, don't discuss, 'cause)
Meu irmão, sei lá
(Selassie)
Sei que eu tava lá
(I and I, eye-an-eye)
[Verso 2]
Chorei lágrimas de encher uma piscina pro mergulho
Por uma menina e, de mim, tenho orgulho
Se me soubesse filmado, eu teria atuado
Aí, sim, perante Jah, o meu filme tinha queimado
O julgamento dele é o que me preocupa
E não o seu, ou onde esconde as próprias culpas
Porque eu não choro a esmo, nem desperdiço as risadas
Se fosse rir da sua cara, tinha tempo é pra nada
Esquece o meu nariz
Respeito que não lhe diz
Nem é da sua alçada
A vida é tensa e intensa
O que tu pensa ou não pensa, a relevância é nenhuma
Não pensa coisa alguma
Portanto, não existe
Pra pensar, tem que existir
E você come alpiste
Eu penso, logo não desisto, e continuo firme
Desde menino, conheço o diretor do filme
E ele é o Divino
Da vida, como ela é
Sem cortes e efeitos, é sinistro, mané
Sem tocar no roteiro
A vida: são tribulações reais de um dia inteiro
Vá e não seja você
Represente, finja o que sente
Quando não é observado, como faz com a gente
Com quem tá do seu lado
A grua das gruas vai mais no alto
E vê todas as ruas
O operador é o Senhor
Vê cada quarto, banheiro e corredor
[Refrão]
Eu estava lá
(I've been there and my name is Gus)
Câmera a filmar
(Don't discuss, don't discuss, 'cause)
Meu irmão, sei lá
(Selassie)
Sei que eu tava lá
(I and I, eye-an-eye)
[Verso 3: Black Alien]
Cada quarto, banheiro, corredor e casa
Inclusive as suas, Ele dá e corta asas
Advogado que atua
O criador de todos os atores e atrizes
Ele é o autor
Há esperança nos vespeiros e nas crises
Nas heranças e herdeiros, verdadeiros e fingidores
Eu não finjo dores, talvez eu fuja delas
Por isso, eu caio em covis de cadelas
Pelo que fiz, eu quase paro na cova
A vida é bela e nova
E eu tive mais uma chance
Vi a morte de relance, porém
Emmanuel tava comigo
Black Alien, from hell do céu, é, amigo
Eu rio no curso certo Dele, que nunca muda
Tipo meu discurso de cueca
Aparecendo e caindo a bermuda
Então, não vem que tem
Porque eu não morri
Acabei, eu fui embora
Eu tô é muito bem
Não quero nem saber quem é o MC da hora
Eu tô na área
Aqui, eu sempre estive
Rimando uma nova aurora
Pro meu povo, um pouco mais livre
E que muito me conhece
Já você, nunca lidou com a minha espécie
Aqui, não tem disputa, bundão
E muito menos tem ego
Então, escuta essa e vê se não esquece, seu prego
Já levantei e caí, caí e levantei
Por todo o ambiente, eu levitei e te observo
Se, de novo, me julgar, vou te morder, sem rosnar
Eu não me enervo
Falo na sua cara, eu falo a verdade
Tem ambição demais, e não falo de idade
E ainda nem saiu do ovo
Talvez, da casa dos pais
Preste atenção, rapaz
Porque eu tô na paz
Se tirar a minha, criarás o próprio inferno
Versarei sobre você
E vou encher o meu caderno ou o meu HD
O que quer que seja
Tô fora de discórdia, tô fora de peleja
Meu barco, agora, veleja outros oceanos
Mais calmos, os mares, bons planos, sem tempestades
A calmaria que se encontra em salmos
E a mulher que amares de verdade, a hora é agora
E, pra quem não saiba, essa é pra quem a carapuça caiba
[Outro]
"And who the cap fit, let them wear it"
Pra Quem a Carapuça Caiba was written by Black Alien.
Pra Quem a Carapuça Caiba was produced by Papatinho.
Black Alien released Pra Quem a Carapuça Caiba on Thu Nov 01 2012.