Pigmento

[Verso 1]
É um pigmento lindo
O abismo diante de mim
Disforme segmento e fim
Conheço os cantos à casa
Conforme me apetece
Mestre de obras da benesse
Cinzento, azul talismã
São gravuras no céu de amanhã

[Verso 2]
Poeiras do deserto a sudeste
Encarnação do vermelho dourado
Que escondem o céu devoluto
Que marcam a visão da angústia
Não me custa estar desolado
Custa sentir-me concretizado
Pouco a pouco vou vendo a razão
Porto negro, feliz еmoção

[Verso 3]
Engodo nas margens do rio
Enguias dançam no passeio
Sobem nas ruas íngrеmes da saudade
Fumar já não sabe à verdade
Faz frio no canto do meu quarto
Fastio que sinto ao quadrado
Por quase podermos ser nós
Soberano sentido atroz

[Outro]
(A manhã)
(A manhã)
(A manhã)
(A manhã)
(A manhã)
(A manhã)
(Manhã)
(A manhã)
(A manhã)