[Letra de "Partir"]
[Refrão]
Já não há nada a fazer, a não ser deixar partir
Custa a crer, mas é verdade, preciso saber deixar cair
O que não soubemos construir
Tinha de acontecer um dia mais tarde
[Verso 1]
Até alguém se encher e dizer adeus
Preencher essa cama com cheiros meus
Rumos opostos, cada um com os seus
Quem levou os sonhos, nunca devolveu-os
O drama estabeleceu os contornos
Fontes doces brotam novos sais nos ombros
Diferentes horizontes são o cenário do que somos
Não me peças mais que represente o que fomos
Preciso de outra personagem por cima
Não consigo despir a que eu tinha
Esgotei os recursos dos quais dependia
Aplausos não convenceram a crítica
Saio para novos restaurantes na cidade
Ainda tens mesa naqueles que eu mais gostava
E quem de costume nos atendia, pergunta por ti
E ainda é difícil dizer a sorrir que tu não vais voltar
E eu preciso dessa amnésia
É normal que julgues, mas talvez percebas mais tarde
O que é ter olhos com vertigens
E o medo ao subir as pontes não ser deixar de sentir as pernas
Mas sim, não resistir a saltar, desculpa se eu nem isso fiz
Não vales tanto
E o meu objectivo é chegar ao cimo da montanha
O nevoeiro é grande, nem dá para ver o tamanho
Mas assim conheço ao pormenor aquilo
Que um dia do topo a vista alcança
[Refrão]
Já não há nada a fazer, a não ser deixar partir
Custa a crer, mas é verdade, preciso saber deixar cair
O que não soubemos construir
Tinha de acontecer um dia mais tarde
Já não há nada a fazer, a não ser deixar partir
Custa a crer, mas é verdade, preciso saber deixar cair
O que não soubemos construir
Tinha de acontecer um dia mais tarde
[Verso 2]
A chama do tempo vai derretendo partes do corpo como cera
E o que eu pretendo é conceber com liberdade
O que exprimo assim como o que me esprema
Aos poucos vou-me apercebendo
A solução origina o próximo problema
Uma peça só encaixa com outra por excelência
Quando ambas são iguais na mesma diferença
É um princípio inveterado, ninguém inverter há-de
Se no fim verter água e sal
Não tem mal, é dever ter algo se para ti o que escrevo é óptimo
Imagina se lesses ao contrário
O que faço no final de um dos versos
Conforme o acordo ortográfico
Muito aprendi eu sem querer
Se Deus olhou por mim, surpreendi-o sem crer
Eu ainda escrevo a giz, é fácil de apagar
Tudo aquilo que o quadro negro conter
Tu não ligues, é tarde, nem repares no que fumo e bebo
Estou a ver se me deito cedo, vem, dita, a vida maldita
E outras coisas que eu não percebo
Só escrevi o que foi ditado, mas cometi mais do que um erro
Antes de apontares o dedo
Tu soletra a palavra CU em frente ao espelho
[Refrão]
Já não há nada a fazer, a não ser deixar partir
Custa a crer, mas é verdade, preciso saber deixar cair
O que não soubemos construir
Tinha de acontecer um dia mais tarde
Já não há nada a fazer, a não ser deixar partir
Custa a crer, mas é verdade, preciso saber deixar cair
O que não soubemos construir
Tinha de acontecer um dia mais tarde