O Ritual

[Verso 1]
Descubro o sol desse céu estrelado
Mais um dia estralado, mais um réu
Mais um mito estragado
Um cigarro e mais um trago
Na lembrança da infância a saudade do tempo perdido
A face da morte de frente comigo
O silêncio me ilude porque eu sempre tenho essas vozes no ouvido
As vezes eu olho pros carros
Tenho impulsos suicidas
Caindo sem paraquedas
No universo paralelo eu salvo vidas
Ouço gritos pedindo socorro
Minha coroa pedindo por mim
No fronte da guerra eu não corro
Hoje é só mais um dia ruim
No alvará da pólvora
Alguns cavam faltas, outro cavam covas
Corações de mármore
Quem nasceu pra ser leão não tolera cobra
Essa é mais uma obra
Da fonte resultante do meu desespero
Eu não quero sobra, não, sem hipocrisia
Aqui também é um por amor e dois por dinheiro
Tem um monte de debiloide falando que é trap lord, não pode
Fala de crime jogando GTA, na rua nunca tá, então não fode
Paciência tem limite, mas
Meu sonho é sem fronteira
E o rap se divide: os que tão pela mudança, os que tão de brincadeira
Consciência cansa o quanto ela pesa
A mente é um labirinto perigoso
Ultimamente eu só penso em merda
Eu me respiro e tusso, eu inspiro pouco
Meu dia é cinza, chuva de granizo
Governo fala em acabar com o crack
Mas isso daria mó prejuízo
Eles lucram com isso e todo mundo sabe
O pesadelo me acompanha
Só quando acordo minha mente sonha
Nas relações quem não sente ganha
Então quando alguém se ama é uma fita estranha, ó
Meus inimigos desejam minha morte
Porque a caneta deles não tem tinta
Os meus inimigos só desejam sorte
Quem nasceu pra zé ruela nunca vai ser Zé Pelintra

[Ponte]
Cês arrumam desculpas e querem destaque
De vocês eu só quero distância
Desconhecem o peso de um mic
Vocês não nasceram pra isso aqui
Eu não sou Nascimento, e minha tropa é contra a elite
Pique vietnamita
Quero ver o que eles vão falar depois que eu estourar a dinamite

[Verso 2]
Sem pista, me perde de vista
Um observador andando nas sombras
Eles me chamam de terrorista
Porque minha caneta só fabrica bombas
Um passo não precisa de pressa
O pássaro de fogo passará mais uma vez
Enquanto no processo minha mente engatilha uma dessa
Vomitando nesse beat o que eu acumulei no mês
Trampando pra caralho pra ver se talvez um dia isso vira e eu compro uma casa própria
Meu filho com uma boa educação, sem passar necessidade, bem longe do crime ou das droga
Meus coroa com colchão macio
Pra ver se eu compenso todas noite em claro
Curitiba é selva, é Silent Hill
Aqueles que eu amo eu nunca desamparo (porra)