Já bem cedo de manhã
Suspira em sobras do café
Seus anseios postos prontos pra servir
Entre fotos do jornal
Que estende em sonhos no varal
E algum dia vai vestir, vai ter pra si
Pra lançar-se ao vento
De caprichos e cetins
Como em outros tempos
Quem lhe dera sempre a vida assim
Que espera em seu lugar
Pensando se é amor
Alguém desarrumar
O mundo que arrumou
Já bem tarde pode ser
Varrendo em cantos do vazio
Seus papéis e jeitos, dons que quer pra si
Entre jogos de lençóis
Cortinas, cartas e clarins
Algum dia irá abrir-se e descobrir
Como um mar de rosas
Em canteiros do jardim
Tão maravilhosas
Quem lhe dera sempre a vida assim
Não sabe se é amor
Mal sabe se é azar
O mundo que arrumou
Pra alguém desarrumar
Já bem tarde pra dizer
Guarda silêncios pra depois
Em saudades, vãos e vozes que há de ouvir
Entre móveis que se vão
Mudando as horas de lugar
Algum dia irá voar de volta a si
Como neve falsa
Como chuvas de jasmim
Em salões de valsa
Quem lhe dera sempre a vida assim
Quem dera ser o amor
Que pensa em esperar
Agora que arrumou
O mundo em seu lugar
Mas sempre há de saber
Que sonha ser amor
Alguém desarrumar
A vida que arrumou pra si