O Homem-Pássaro

Esse é seu eixo sob o sol o seu trecho sob o sol o que eu deixo sob o sol só de olhar
Esse é seu o preço o Pogobol um velo no velotrol meio grama de Haldol (...that's all folks...)
A cal do muro o quintal brincadeira normal o olho de poeira
E no caibro você pica-pau psitácea psiquê telha de aroeira

Eu era o mundo de amanhã te assistia de manhã com camisa branca-brim ou de tergal
Quem é você blackbird black-raven do Allan Poe comunista de Moscou toma o Nescau
E via na televisão o seu imóvel céu tempo e geladeira
Brincava na construção caixa de sabão Revel carrinho de madeira

O seu psiquê psitáceo afia o meu psiquê psitáceo agora

Esse é o preço pago por não ter olhado o sol
Esse é o preço pago por não ter olhado o sol

Essa era a nuvem da manhã era eu num rolimã descendo a ladeira
Abro caixa inteira de Diazepam hoje vence assombração me desce pela veia
Esse é o preço pago por não ter olhado o sol

Esse é um preço sem desconto é o conto sem descanso piro num edipiano ponto final
Acho que eu tinha sete anos acordava acreditando até hoje que era sonho o real
Quem era eu afinal (espécie de robô ou de esquizofrenia?)
Q quem era você (bem ou mal) vinha sempre o Vingador pra sua companhia

Era o amigo invisível Avôhai indivisível o irreversível dano mental
Era guardião do esconderijo sentinela do abrigo brigadeiro milho-de-grilo ou mau-mau
E via na televisão que o Wojtyla beija o chão lá no Mangabeiras
E qualquer barulho bem um sinal ou silêncio sepulcral santa sexta-feira

O seu psiquê psitáceo afia o meu psiquê psitáceo agora

Esse é o preço pago por não ter olhado o sol
Esse é o preço pago por não ter olhado o sol

Você é o homem pássaro sei seu grito gutural até de olho fechado
Você é o homem pássaro flashback surreal no fim do cigarro