O Choro da Favela

Perifa, por que choras assim?
Será o fim ou um novo começo?

Pessoas e o tempo não voltam mais
Já nos falta ar pra gritar por paz
Mas não enlouqueça
Se levante e de pé permaneça

Se só nos resta sorrir
Sorriremos, mas sem esquecer que a dor já se alastrou por aqui
É, meu irmão, não é difícil de ver
Que a gente é quem trabalha pra malandro enriquecer

Eu vou apontar o dedo na cara de burguês
Pega sua grana e vaza, porque agora é nossa vez

Cansei...
Eu tô cansado

Tava dormindo e ouvi o choro da favela
Me levantei pra cantar uma canção por ela
Moça, não chores mais, eu tô aqui por você
Seu sorriso é vida, e eu quero viver

Parte do mundo esquecida, escória do universo
Tanta exclusão, que já nem cabe nesse verso
Miséria é foda, o gueto é o mundo inteiro
Descaso é igual, de Goianira ao Rio de Janeiro, ah

Moleque morre no tráfico, atrapalha o tráfego
Tem mais corpos do que asfalto nesse chão
Matemática pra contar corpos
Só tem medo e as quadradas, nos falta educação

Sua comoção seletiva nunca encheu meu prato
É fato. Fale o que quiser falar
Hey! Pode bater suas panela, se iludir com essas tela
Revolta de condomínio não vai nos ajudar

Pela janela vi que o mundo é pequeno
E se você pensa pequeno, alguém vai sair perdendo
Acorde, amplie a visão, estude
Sabedoria é saber ouvir. Se escute

Trabalhe e corra, use saúde
Já que ninguém faz nada, irmão, então, vai lá e mude
Minha família chora toda vez
Rezando pra que eu chegue em casa bem somente dessa vez

Felicidade é viver ao lado de quem te ama
E quem te ama não quer te ver no caixão
Todo suor gastado, todo trabalho árduo
Me faz provar que nada foi em vão

Tava dormindo e ouvi o choro da favela
Me levantei pra cantar uma canção por ela
Moça, não chores mais, eu tô aqui por você
Seu sorriso é vida, e eu quero viver

Tava dormindo e ouvi o choro da favela
Me levantei pra cantar uma canção por ela
Moça, não chores mais, eu tô aqui por você
Seu sorriso é vida, e eu quero viver