No Meu Caderno Preto

Não jogo ao sério co' umbigo e quem o faz anda cego, perdido
Como uma agulha fina num palheiro prego!
No meu caderno preto
De inverno a inverno são milhares as rimas que eu colecto
Vou de chico esperto a doutor palavrinhas
Passo por, maluquinho ao pé das velhinhas
Tass tudo e tem que for são expressões cá das minhas
Sem limites porque o meu caderno preto não tem linhas
Até grilas arregá-la lá as vistas com
Estas rimas, nunca antes vistas
Derrotas e conquistas, no meu caderno preto
É o que vais encontrar porquе eu sou o que soletro
Já tu? tеns muitas letras.. com muita letra..
Muita treta, 'tás a roçar a peta
Vês que agora a coisa tá mais preta, claro
Declara que clarividente não consta no teu dicionário!

'Tá tudo exposto, no meu caderno preto
Como é suposto, no meu caderno preto
Falo do que gosto e nem sempre gosto do que falo
Mas no meu caderno preto vejo tudo mais claro

Claramente curto colar a mente constantemente
Naquele momento que 'tou co' meu caderno frente a frente
Passo tudo a pente fino moço
Limo as arestas menos modestas do meu produto em grosso
É no meu caderno preto que, pra ser mais concreto
Escrevo às claras quando nada bate certo
E de facto já tenho um teto mas já não sinto o tacto
De quando tavas perto e eu tinha o meu quarto
Tava farto mas tive de ser forte
E agora quando eu parto já não há quem conserte
Com sorte ainda consigo que, desperte o ouvido
E seja reconhecido por por, por esta arte
Da minha parte espera por um combate
Com base nos meus ideais não há fase que me farte
Já faz parte quando parto com a sintaxe
Manos dizem que se não fizeres melhor então assim tasse!

Tá tudo exposto, no meu caderno preto
Como é suposto, no meu caderno preto
Falo do que gosto e nem sempre gosto do que falo
Mas no meu caderno preto vejo tudo mais claro!

Sinto que 'tou longe de estar perto
Mas o maior aperto que sinto é saber que tás longe
Hoje, ainda acho que tive certo
Pois, ainda ages como se a culpa fosse de nós dois!
Fiz de tudo pra me sentir mais completo
E foi aí que entrou o meu caderno preto
Transpus o intelecto numa rima
E vi que, subiu a pique a, minha autoestima!
Aqui relato tudo o que passo, passo a passo
Pois penso que posso passar a ter posse do meu poço
Porque sou, propenso a acreditar mais em mim do que um Deus
E aos meus só peço que nunca digam adeus..
Céuus! Já vejo tudo enublado
Com esta nuvem cinzenta a bater-me em todo lado
Anda eu dou-te a conhecer como eu me rio
E, quando já não tiver na tanga é porque tou por um fio!

'Tá tudo exposto, no meu caderno preto
Como é suposto, no meu caderno preto
Falo do que gosto e nem sempre gosto do que falo
Mas no meu caderno preto vejo tudo mais claro!

Caro amigo a sério, sou sério com cada amigo
E não me tires do sério é só um conselho de amigo
Ambíguo, é o sentimento que convosco partilho
Até que tenha o rosto enrugado e só ande de andarilho..
Andarilho ou' anda filho, sentir o estrilho
Deste trilho que um gajo tem traçado com brilho
Eu prefiro tar no activo, nocivo no que cuspo
Nativo, com a minha tribo de índios que te ateiam fogo!
Tou no retiro mas não tou retirado
Tou naquela fase preocupado em ser amado
E se eu me mando é porque nunca tive emenda
Palavra de escuteiro, bora armar a tenda
O meu caderno preto gravei-o aqui no Branco
A branquear a faixa que encaixa com tanto encanto
Eu conto o que sinto não canto, encanto em cânticos
Em qualquer recinto recito versos quânticos!
Já lá vão 5, e eu sinto-me intacto
Enchi o pensamento mas, tenho de apertar o cinto
O que eu tenho sido, tá tudo exposto como é suposto
O meu caderno preto a outra face do meu rosto!

Tá tudo exposto, no meu caderno preto
Como é suposto, no meu caderno preto
Falo do que gosto e nem sempre gosto do que falo
Mas no meu caderno preto vejo tudo mais claro!