No Fundo

[Letra de "No Fundo"]

[Verso 1]
A idade pesa pouco mas é um peso que eu trago
Responsável por x atos perigosos como um x-ato
Que há primeira vista são inofensivos
Mas que se não prenderes a lâmina te cortam os ouvidos
Para quem te quer bem, brutal para quem te quer mal
Estás no ringue sozinho, bem-vindo ao teu funeral
Estás contigo estás com Deus, bem-vindo ao mundo real
Em que a bala é de metal e a morgue mais perto que o hospital
Hoje acordei e quase tive o preto vestido
Depois de quase teres morrido não te podes sentir mais vivo
Porque estes "quases" quase nunca acontecem
E a sorte foi que a tua genética chega tarde por ter bebido
Cospe agora o que tu próprio engoliste
Estás intoxicado com o cérebro molhado em whisky
Bateste mesmo no limite de cabeça no chão
Para a próxima vais ao fundo e mais fundo só o caixão

[Refrão]
Não queria abalá-la, é balela, bola na tabela
Bala na bela e à pala de dispará-la estás na cela
A vida queria igualá-la, a confiança deu-lhe um estalo
A vida foi lá matá-la, são consequências

Não queria abalá-la, é balela, bola na tabela
Bala na bela e à pala de dispará-la estás na cela
A vida queria igualá-la, a confiança deu-lhe um estalo
A vida foi lá matá-la, são consequências

[Verso 2]
Coincidências fazem-me a vida e eu fico parvo
Porque por uma coincidência ainda estás ao meu lado
Tenho medo da reincidência só por estares fraco
Pensa que sem a tua confidência sou uma folha em branco
E tu dás-me vida, dás-me tinta, dás-me sangue
Para que te possa mostrar o quanto és inconstante
Mas se não queres ajuda eu não vou ser o ajudante
Que te vai fazer ver que a vida vai num instante
Não queiras ser jogador nalgo que não é um jogo
Repito para mim estas merdas para ver se um dia as decoro
Tenho em ti um grande exemplo que a minha prioridade
Serei sempre eu para que eu nunca perca a sanidade
Estou vivo, a mente sã e o corpo não
Agora decido para onde é a próxima direção
Penso e paro, penso em passos, quantos são aqueles que dás?
Amanhã dou dois para a frente, mas hoje dou um para trás

[Refrão]
Não queria abalá-la, é balela, bola na tabela
Bala na bela e à pala de dispará-la estás na cela
A vida queria igualá-la, a confiança deu-lhe um estalo
A vida foi lá matá-la, são consequências

Não queria abalá-la, é balela, bola na tabela
Bala na bela e à pala de dispará-la estás na cela
A vida queria igualá-la, a confiança deu-lhe um estalo
A vida foi lá matá-la, são consequências

[Verso 3]
Vivo na pele o resultado da minha preguiça
Não faço muita merda, mas não é que não consiga
Simplesmente vivo despreocupado ou pelo menos tento
Não pensar no que é que eu vou fazer para ter sustento
Eu sou demasiado crítico para aquilo que posso falar
E vivo à procura de algo que sei que não vou encontrar
Não é ilusão, vivo com uma mente complexa
E quem me conhece sabe que eu tenho bem mais que dois dedos de testa
Às vezes preciso de errar para me sentir culpado
E ver que esta linha em que eu estou não me leva a nenhum lado
Demasiado racional quando só preciso respirar
Demasiado irracional quando só preciso de pensar
Meio termo não há, ou não o encontro
Eu tenho apontado tudo, mas não tenho nada no ponto
Não há merdas do destino com as quais eu concorde
Porque a única consequência da vida é a morte

[Refrão]
Não queria abalá-la, é balela, bola na tabela
Bala na bela e à pala de dispará-la estás na cela
A vida queria igualá-la, a confiança deu-lhe um estalo
A vida foi lá matá-la, são consequências

Não queria abalá-la, é balela, bola na tabela
Bala na bela e à pala de dispará-la estás na cela
A vida queria igualá-la, a confiança deu-lhe um estalo
A vida foi lá matá-la, são consequências

[Gervásio]
A verdade é esta filho, cair é muito fácil, levantar é o mais difícil, não é?