[Verso 1]
Não sou perfeito mano, mas eu sei disso, mano
Só não sei se será possível ser isso no plano
Em que estamos, nos encontramos como humanos
Depois de tantos anos a vivermos acorrentados
A recalcamentos vários desta psicose múltipla
Em que por doses, nos trocaram a gnose pela dúvida
Numa atitude nada súbita, danos têm história
Somos produtos da colectiva memória
Ou falta dela, induzida pela Igreja Católica que
Escraviza milhões de almas com a sua retórica
E o poder capitalista reduz tudo a um mercado
A um espólio, este reinado é um jogo de monopólio
Temos sido fantoches, meros peões para estes patrões
Somos micróbios, de poucas ideias e poucas acções
Porque estes parasitas nos sugam toda a energia
Foram eles que montaram o esquema de stress na rotina
Foram eles que nos roubaram o interesse pela vida
Foram eles que trocaram os valores puros pela mentira
E é claro, daqui retiram dividendos chorudos
Por litros de lágrimas choradas, seus cofres estão graúdos
[Refrão]
Não sou perfeito, mano, mas eu sei disso mano
Não sei se é possível sê-lo
Não sou perfeito, mano, mas eu sei disso mano
Tento ser o melhor que consigo
[Verso 2]
Fomos anestesiados, vivemos adormecidos
Por tópicos científicos, religiosos e políticos
Muito pouco auto-críticos, somos todos robots
Comandados por elites, atascados nos seus complôs
Afastados de nós mesmos, queremos ser uma imagem
Que os media difundem para aniquilar nossa coragem
Ideais são plásticos, com garantias limitadas
Só servem o comércio e mantêm fachadas
Clichés, slogans, assinaturas de anúncios
Querem-nos fazer sentir unidos quando damos lucros
Estes corruptos rompem os nossos laços naturais
Impingem-nos seus lindos planos de aldeias globais
Em postais reciclados, porque nos querem como culpados
Com peso na consciência, somos melhor controlados
Aliciam-nos ao consumo e tornam-nos réus pelo mesmo
Aboliram nossos sonhos e culpam-nos pelo pesadelo
Inculcam-nos o preconceito e a falta de auto-respeito
E o amor é hoje lixo ou luxo de teor poético
Para eles sou herético e orgulho-me disso
Posso não ser perfeito, mas afirmo-me insubmisso!
[Refrão]
Não sou perfeito, mano, mas eu sei disso mano
Não sei se é possível sê-lo
Não sou perfeito, mano, mas eu sei disso mano
Tento ser o melhor que consigo
[Verso 3]
Nem sonham as coisas que nos escondem na escola
Não as ensinam porque querem que sigamos a bitola
Que ceguemos e deixemos de pensar e sentir
Criam papagaios ocos, óptimos para repetir
Seus códigos e falácias, nossas falas são cópias
As histórias que nos contam, perpetuam as inópias
Máximas que regem os itens do comportamento
Eles sabem que a elevação é fruto do conhecimento
Esmagam-nos numa sub-existência, numa penitência
Temos que pagar caro o preço da nossa nascença
Somos manadas em estradas com portagens bem caras
Que conduzem ao abismo das falésias, as raras
Personalidades distintas do silêncio total
No vulgar igual, dos físicos sem meta, eu sou cabal
Em afirmar: democracia é a tirania camuflada
Liberdade é aparente, é a tradição apagada
Alterada há séculos, tantos que não parece possível
Que estejamos aqui para ser algo para além do exequível
Até o além é ilustrado como algo de inatingível
Mas viemos de lá, por muito que possa parecer incrível
[Refrão x2]
Não sou perfeito, mano, mas eu sei disso mano
Não sei se é possível sê-lo
Não sou perfeito, mano, mas eu sei disso mano
Tento ser o melhor que consigo
Não Sou Perfeito was written by Ace Won.
Não Sou Perfeito was produced by Ace Won.
Ace Won released Não Sou Perfeito on Thu Jun 08 2017.