[Verso 1]
Final feliz eu sempre quis
Um carango, uma goma, paz, uma vida feliz
Tem humilde esquecido, como toda quebrada
As coisas boas não foram ensinadas
Ninguém é santo, mas aqui não tem demônio, morô?
Se tem dois 157, é que o Brasil plantou
Desde pivete, choque, barulho de tiro
Cadáver no chão, com tiazinha gritando "Ajuda, meu filho!"
Ninguém nunca respeitou nossos direitos
Deram um crack, uma Glock de pente cheiro
A mesma que eu uso pra roubar no sinal
A que passa batida pelo detector de metal
Em Alphaville é piscina, vigia na guarita
Aqui é profеssor, de 15 em 15 dias
Tem Ingram MAC-10, Taurus, Bеretta
Pra defunto tá aqui a receita
O Brasil dá o cachimbo, a pedra, a cinza
Depois é um caixão a mais pra polícia
Cansei de ver meus manos indo nessa
Dez a zero pro crack, é o placar da guerra
Da lâmina do gilete à chama alta do isqueiro
Vira fumaça qualquer conselho
Pacto com o demônio já registrei, tô saindo fora
Não quero luto, ainda mais, por porra de droga
Nem me ligo nessa merda, má lembrança do crack
A casa caiu, Dum-Dum, logo o DENARC
Não reconheço meus manos, por pouco
Trocando tiro, penhorando a roupa do corpo
Ouvi meu mano me pedindo pelo amor de Deus
Uma intera pra droga, que que aconteceu?
Tem algo errado aqui, não é mais como antigamente
Agora é crack, enterro, infelizmente
[Refrão]
Tem algo errado aqui, não é mais como antigamente
Tem algo errado aqui, não é mais como antigamente
Tem algo errado aqui, não é mais como antigamente
Tem algo errado aqui, não é mais como antigamente
[Verso 2]
Eu tô falando, aqui também, da parte mais fodida
Aonde vale muito o crack e nada a sua vida
Do lado da cadeia, do lado da cocaína
Mano preso, artigo 12, maldita rotina
A cada esquina, preto e branco só ganhando a lança
Investigador de ganso, há mais de uma semana
Querendo te ver na maca do hospital
Querendo sua mãe no Instituto Médico Legal
Carro derrapando, revólver engatilhado
E o crack permanece lá, enquadro após enquadro
Levando sua jaqueta, seu tênis, seu dinheiro
Te dando uma cela, ou flores, no seu enterro
Tá no shopping, na faculdade, na mansão
Só que lá, não tem tiro no peito, nem detenção
O PM só explode o traficante da favela
O boy que traz a droga, não morre na cela
Tanto velório, tanto tiro, tanta morte em vão
Tanto gambé que se promove matando ladrão
Eu me lembrei das famílias, eu me lembrei dos manos
Sangue no olho, e de que jeito estavam terminando
Dando motivo pra essa porra de polícia maldita
Norte, Sul, Leste, Oeste, periferia
Tô com vocês e tal, mano humilde Eduardo
Só que a pampa do veneno, distante do prato
Não quero a Duda, a Pa, a Gabi, no meu velório
Por porra de droga, não decreto meu óbito
Dispense esse papel, destrói esse cachimbo
Se valorize, mano, segure o seu artigo
Sem essa de cocaína, sai dessa de crack
Bem longe da ROTA e DENARC
Tem algo errado aqui, não é mais como antigamente
Agora é caixão, infelizmente
[Refrão]
Tem algo errado aqui, não é mais como antigamente
Tem algo errado aqui, não é mais como antigamente
Tem algo errado aqui, não é mais como antigamente
Tem algo errado aqui, não é mais como antigamente
Tem algo errado aqui, não é mais como antigamente
Tem algo errado aqui, não é mais como antigamente
Tem algo errado aqui, não é mais como antigamente
Tem algo errado aqui, não é mais como antigamente