[Refrão]
Vou tropeçando nesta casa apertada
Divisões minúsculas não me deixam abrir as asas
Só atrapalham como esta mobília gasta
Estátuas de lata que não me dizem nada
[Verso]
Ela já vinha com recheio, não é meu o mau gosto
Tanto dourado falso e eu só gosto de roxo
Porque é suposto tê-la mais personalizada?
Mesmo que fique aqui para sempre
Esta morada é temporária
Tudo o que tenho cabe numa caixa mal fechada
Pode parecer estranho, mas esta tralha foi comprada
Não está assombrada, não há monstro nem fantasma
A renda é alta, a parede não fala e a comida é congelada
Mas calma, não estou a pintar um retrato completo
Deixei algumas pinceladas no caos que está por baixo do tecto
Pêlos na base do chuveiro, a sujidade e o cheiro
A desarrumação das meias que não fazem um par inteiro
E por falar em pares, ainda há rastos de presença humana
Peças de roupa e bugigangas de quem passou por esta cama
Mulheres que nunca ficaram e hoje não passam de estranhas
Mulheres que não me largaram e agora vivem nas minhas entranhas
[Refrão]
Vou tropeçando nesta casa apertada
Divisões minúsculas não me deixam abrir as asas
Só atrapalham como esta mobília gasta
Estátuas de lata que não me dizem nada
Vou tropeçando nesta casa apertada
Divisões minúsculas não me deixam abrir as asas
Só atrapalham como esta mobília gasta
Estátuas de lata que não respondem nada