Monólogos

[Verso 1]
Dou por mim no mesmo tasco
Com o mesmo frasco de veneno
Que me mantém sereno enquanto enfrasco
Quando algo se aproxima eu afasto
Até tudo ficar gasto
Até tudo virar um fiasco
Até tudo ficar gasto ate gosto
Se pedes um gesto eu até mostro
Eu até posso, ou até forço
Mas fico no meu astro e é lá que me encosto
Desde puto vi que a vida era difícil
Para quem não se encaixa ou mesmo para quem não tem a fé
Que alguém fora da caixa consiga ver que a agonia
Não é um oceano mas sim uma maré
Quando o mal vem
Eu não digo amén
Não herdei o fanatismo
Que a minha mãe tem
Porque o meu irmão nem
Teve a oportunidade de ver aquilo que vi também

[Refrão]
Hoje falo
Comigo mesmo
No meu espaço
No meu templo
Sem prazo, sem tempo
Hoje falo ou calo p'ra sempre

[Verso 2]
Então se falo num monólogo
E o meu copo facilita o dialogo
Será cliché isto servir de psicólogo
Fechado no cúbico então eu abro-me
Ou é isso ou então isolo-me
Na ausência do silencio apenas calo-me
A batida flui e nela colo-me
Simplesmente para te dizer algo
O ódio é um agasalho que eu não visto mais
Se falho sei o que valho então insisto mais
Suor no soalho, não sigo o atalho que vais
Ate ficar grisalho confia que insisto mais
A tempestade na verdade fiz sozinho
Não num copo de agua mas sim num de vinho
Sa foda a bola de cristal para o que adivinho
Dei um kiss à melancolia mesmo sem o azevinho

[Refrão]
Hoje falo
Comigo mesmo
No meu espaço
No meu templo
Sem prazo, sem tempo
Hoje falo ou calo p'ra sempre

Hoje falo
Comigo mesmo
No meu espaço
No meu templo
Sem prazo, sem tempo
Hoje falo ou calo p'ra sempre

[Verso 3]
Se esta vida é curta, escrevo numa carta
Que nunca digo nunca por isso assino sem data
Confia, não vivo na merda
Mas fui em busca dela só p'ra ver do que se trata
'Tamos presos num loop, desde o emprego ao look
Presos no porque
Vivemos adormecidos à espera que a nossa vida caduque
Cada engano é uma lição p'ra que a vida te eduque mano
Qual o meu plano?
Se não ficar pleno
Do calor que emano
Num clima tão ameno
Como é que a agonia pode ser tão grande
Num universo que se expande
E ao mesmo tempo é tão pequeno
Vou nesse vice-versa que me apressa
A promessa que um dia lá vou ter a minha peace
Desabafo na conversa em que disse a mim mesmo no espelho
Não interessa quem te minimize