[Verso único]
Imersos no lusco-fusco do quarto
Janela é o vidro do aquário
Tuas barbatanas me afagam
São só sinais delicados
Movimentos plásticos
O fluxo das águas
Teu olhar dilatado
Formam um formoso quadro
Que sonhei ter pintado
Se não tivesse deixado
Os pincéis e tintas de lado
Talvez fizesse retratos teus
No "mundo inundado"
Um nado sincronizado e o pisca-pisca ligado (hã)
Tudo no tempo do tempo
Leis da física parecem questionáveis porta adentro
Longos beijos envoltos pelo silencio
Ouvidos abafados pelo profundo desejo
Incenso aceso, apetite intenso
Escamas reluzentes, eu as vejo derretendo
À passo largo e lento
Até que morrem as luzes e nos corais adormecemos