Meliante anda por aí
Na calada dos umbrais
Desvia estrelas menores
Para vielas e murais
Sua pedra é um azeviche
Sua cor azul do mar
Bebe muito e fuma xixe
Tem sargaço no olhar
Ele tem todos os vícios
Que possas imaginar
E há até fortes indícios
Que também tenho de pensar
Ele tem a luz dos cegos
Guarda livros na estante
Dança música de negros
E adora um quarto minguante
Durante o amor pouco fala
Diz-se até que é perverso
Mas o amor que dele exala
É a matriz do universo
Ele não fixa a tua cara
Que será que nele te atrai
Ele é sombra, é ave rara
Que hoje vem e amanhã vai