Apaga a canção, apaga o desejo
Saca do cartão, corta no desenho
Cola a mortalha com a saliva do beijo
Apaga o refrão, mata-me no verso
Eu já não te vejo Joana, onde está a minha Maria
Que me deixa em casa, a namorar a epifania?
Eu vou rebentar o bloco de notas
Tudo o que escrevi, foi consequência do que senti
E ao ver como te comportas
Não há nada em ti, que não pegue fogo em mim
E até sei que tu notas
Porque no final de contas, é um tal bater de portas, com a vida a dar voltas
E eu sinto que tu voltas sempre aqui
Deixa-me mudar a localização para Vénus
Secalhar, lá faz sentido nós nos vermos
E se aqui já não nos comovemos
Diz que sentido faz continuar a sermos
Este barco a vela e eu de remos
Com nós na garganta de nos torcermos
Em camas de outros tão plenos?
Não há razões para nos termos, nestes termos
Como vai a música? Bem quem diria…
Como vai o coração? Bife da vazia
Se há sorte aqui eu agradeço à família
Que fez o meu ego grande como a tua teimosia
Tens a cabeça em vários centros da periferia…
Eu rezei tanto os meus “cre’dios” que se os apagar
Já não tenho vida
E se os fumar, já não tenho bíblia
Apaga a canção, apaga o desejo
Saca do cartão, corta no desenho
Cola a mortalha com a saliva do beijo
Apaga o refrão, mata-me no verso
Eu já não te vejo Joana, onde está a minha Maria
Que me deixa em casa, a namorar a epifania?
Eu corro para um alto da montanha de sebo
Tentativa erro
Cais do medo
Cais Sodré é cedo
Eu caí tão pleno no que é sê-lo
Na Carta de apresentação, eu não sou postal, mas selo
Mas a carta vai e eu fui “mêmo”
Vejo fumo e um terreno
Sinto o suor para tê-lo
Carro, mulher, teto
Sofá, jarra, feto
A minha arte parte-me no afeto
É tão correspondido e terno
Quero estar escondido nesse interno
Que é ter-te em Éden, com Éter eterno
Apaga a canção, apaga o desejo
Saca do cartão, corta no desenho
Cola a mortalha com a saliva do beijo
Apaga o refrão, mata-me no verso
Eu já não te vejo Joana, onde está a minha Maria
Que me deixa em casa, a namorar a epifania?