Maratona

[Verso 1]
O que é que tu sabes sobre ser subestimado?
Correr a maratona toda sem perder velocidade
Levar com quem enche o peito com o ego bem inchado
Quer vir dar para sujeito acaba como predicado
Tratar o Rap com respeito sem querer autoridade
Nunca mudar o meu jeito para ser adoçicado
Labels a dar-me cerveja e a dizer que é Cutty Sark
Mano eu vim da Reboleira, não vou ser domеsticado
De onde eu vеnho é normal parar na esquina, dizer que a coca é pura
E perguntar se o tropa cheira ou se o tropa fuma
Nota de surra, toma a cena, é uma troca justa
Se ele volta hoje? Boy depende de quanto a moca dura
Chega a noite e é só festa, mano é só sabura
Até que alguém bebe demais e tira a shot e pumba
Faço a minha estrada atento e não encosto em curvas
Que se apanho Operação Stop eu sei que a poça é funda
O people cumprimenta, baza e diz que “tamaí”
Eu penso nisso e vejo que não estamos tanto assim
Outros diziam que me iam mandar para o Paraíso
Agora ouvem o meu som, ficaram fãs no fim
Já vi que a sorte aqui só vem se tens sorte
Se o tema é feio eu falo mas sei que mais feio é quem cospe
Sempre fomos de mostrar a Reboleira em nós
Com o Dantas algemado na Figueira da Foz
Tantos anos que passaram, nós a ver a mesma merda
Tribunal a mandar cartas, sem saber se a pena é certa
Fugas que só ves na tela, curvas que não ves na recta
Não me digas o que fazer se não temos a mesma meta
Ser humano não é ser gangsta, nem ser player, nem ser rapper
Nem ser real, nem ser fake e nem ser hater, nem ser dreada
Muito menos ser político se a causa não te afecta
Que eu não quero ouvir intervenção de quem não se interessa
Por favor não dês bazófia da tua vida de digra
Ninguém te considera dealer se vendeste umas tiras
Tenho tropas na cadeia que tinha cabeças bué brilhantes
Bastou dar um passo em falso agora na cana sao vintage
Mano eu vi tantos, coração para ter sido Santos
Mas já compravam tirantes quando nós tinhamos 15 anos
Estou no Linhó sem ter dormido com bafo a vinho branco
À espera da revista com o meu cartão de visitante
É tipo nada bro, comer pena pesada bro
People sai e entra tipo que veio à rua dar um yo
Eu também paro bro, mas sei bem quando dar o go
Para evoluir na vida temos de saber mudar o flow
Eu estou a par dos movimentos e expedientes
E enchia a tua casa com 200 delinquentes
Mas eu nunca fui gajo de usar as minhas costas quentes
E meter todo o meu people em problemas que não são deles
Eu prefiro pegar neles, ir a um bar e virar copos
Poder rir a noite inteira em vez de estar a tirar shots
Obrigado a toda a gente que tem vindo dar propz
Mas entendam que eu sou mais de dar abraços que tirar fotos
Ando mal acompanhado, também ando sozinho
Às vezes ando de lado mas nao mudo o caminho
E se ainda estou por cá é porque encontro gozo nisto
E porque eu passo e peso, mano eu nunca pouso e piso
One love