[Estrofe 1]
Chega bem cedo, a cara esmurrada
Cambaleando sem dizer nada
Olha à volta e fila o primeiro
"Oh meu, espera aí, 'tou sem dinheiro"
"Oh meu, tu não fujas, eu sou o Mãozinhas
Arranja-me uns trocos p'ras vitaminas"
Manel solitário, às oito na praça
Sentado num banco, olhando a estátua
[Refrão]
Manel, o das mãozinhas
Anda solto pela cidade
A fazer algum pela vida
Sombra magra sem idade
[Estrofe 2]
P'ra frente e p'ra trás, a falar sozinho
O povo passa pelo maluquinho
Vai mais um bagaço e o Lino não chega
"Anda aqui bicho a moer-me a cabeça"
Manel não aguenta e sai disparado
Um carro que trava, "Ah, meu grande bandalho"
E se fosse ali a morte a chegar
"Ó morte da vida, deixa de me olhar"
[Refrão]
Manel, o das mãozinhas
Anda solto pela cidade
A fazer algum pela vida
Sombra magra sem idade
Sombra magra sem idade
[Estrofe 3]
E sempre às voltas, ao longo da praça
Contando uma história, pedindo a quem passa
À tarde, na escola, os putos são certos
Manel fica à esquina, a polícia está perto
A noite tropeça numa discussão
"O caldo não chega p'ra dois, meu irmão"
Na casa de banho da velha taberna
Manel aperta a veia que sangra
[Refrão]
Manel, o das mãozinhas
Anda solto pela cidade
A fazer algum pela vida
Sombra magra sem idade
Sombra magra sem idade
Sombra magra sem idade
Sombra magra sem idade
Manel das Mãozinhas was written by António Manuel Ribeiro.