LXXXIII

Seu pior inimigo, humano invisível, é você mesmo
Não perca a fé, não sai do trilho, não dê tiro a esmo
Seja você seu próprio movimento
Pro sistema não te privar, encarcerar, te manter enfermo
Compus a Beco em 2001
E a cada dia que passa aqui o crime recruta mais um
Entre milhares de jovens desempregados
Engordando os cofres dos poderosos que governam o estado
Caneta pesada, teleguiada como míssel
Respira, municia o papel, com discos e livros
Se atеnte ao seu psíquico, momento é dе equilíbrio
Olha em volta, à sua frente á um precipício
Guerra espiritual, individual como fio da navalha
Não esqueça que a vida é um jogo de cartas marcadas
É um dia por vez, se possível prossegue
Tô tipo Denzel no "Livro de Eli" seguindo o rumo pra Oeste
Com a corda no pescoço vendo o povo no sufoco
Tentando entender quantos dos nossos votaram no Bozo
Psicose, sono profundo, essa porra não é um teste
Perdoa mãe se seu sonho não era me ver cantar rap
Mais gratidão por ser teu filho e você me inspirar
Rap é como minha prece e eu preciso desabafar
Hey moleque, madrugada o gueto é The Walking Dead se liga
Baixa a neblina, maltrata a retina se tromba a polícia é que nem guilhotina
No país onde a fome, a miséria e o racismo viraram rotina
Não compensa e a sentença é você quem dá pra sua própria vida
Falsa liberdade, regresso, português incorreto, dialeto
Ao invés de acertar as contas, eles gritam racismo reverso
Tempos sombrios, onde andarás meu amor
Se a pátria que me pariu, nunca enxergou como eu sou
Tempos sombrios, onde andarás meu amor
Se a pátria que me pariu, nunca enxergou como eu sou