Inveja

[Verso]
Eu imagino eu correndo por outros campos
Vivendo em outros corpos
Fugindo do excesso, do egoísmo e do absurdo
Imagino a luz do palco, o silêncio como atributo
O sufoco, o aperto, a busca por um espaço
A fala que seja certa, o sorriso carismático
O cabelo sempre aos ventos, feminino, hidratado
A voz aguda e chata, o tédio disfarçado
Na glória da bebida, do suicídio e do cigarro
Eu prefiro ficar sozinha, eu prefiro ficar cega
Pelo meu brilho favorito, que é o brilho das minhas pérolas
Eu prefiro sangrar ouro, eu prefiro chorar prata
Eu trago o que há de humano
Não faço questão de ter uma alma

Porque eu mereço, eu merеço, eu mereço tanto
Porquе eu me esforço, me esforço, me esforço tanto
Então Deus, me ilumine, meu caminho
Que eu faço, que eu mato, o que for preciso
E tudo será meu
E tudo será meu

Me machuca tanto, e, me dói tanto
Saber que o talento dela sobressai o meu esforço
Que eu não serei a mais bela, muito menos a mais magra
Eu não consigo ser interessante ou engraçada

Eu procurei pelo respeito, pelo medo e pelo dinheiro
Mas será que isso importa se ela consegue o que eu quero
Se escutam quando ela fala, se olham quando ela passa
Se ela mesma não se importa se ela consegue se sentir amada (Ah ah)

Mas eu mereço, e eu mereço, e eu mereço, e eu mereço
Eu mereço, e eu mereço, e eu mereço, e eu mereço mais, mais