Eu era um combatente de causas meritórias
Meu verbo inteligente floria em oratórias
Eu era mais austero que monge ou faquir
Eu odiava veludo eu não sabia rir
Um dia tu chegaste vinda dos lugares
Onde brilha o poder nas gemas dos colares
Olhando como quem não vê quem mais ali passasse
E logo ali fiz de ti uma inimiga de classe
(Uma inimiga de classe)
Uma inimiga de classe
(Uma inimiga de classe)
Depois de um volte-face dos que só há em novela
Perdi toda a firmeza quase virei Cinderela
E num instante de glória foste princesa que olhou
Ao materialismo da história o amor se adiantou
Comi na tua mesa bebendo teus movimentos
E como um escanção provei-te em tragos lentos
Analisei com cuidado o fundo do teu coração
E depois de analisado não vi sinal de exploração
(Uma inimiga de classe)
Não, não
Não, não
(Uma inimiga de classe)
Não, não, não, não, não
(Uma inimiga de classe)
Não, não, não, não, não
(Uma inimiga de classe)
Toda essa bastilha que eu tinha em mim inflamada
Tremeu de maravilha abriu mesmo pela fachada
Tu mudaste a minha vida em cento e oitenta graus
Torceste-me as raízes por ti juntei-me aos maus
Agora não sei quem sou não sei mais o que fazer
Sei que me aburguesaste com o teu savoir-faire
Sentado nos teus sofás de criador afamado
Eu canto os amanhãs e não me sinto culpado
(Uma inimiga de classe)
Não, não, não, não, não
(Uma inimiga de classe)
Não, não, não, não, não
(Uma inimiga de classe)
Não, não, não, não, não
(Uma inimiga de classe)
Não, não, não, não, não
(Uma inimiga de classe)
(Uma inimiga de classe)