Horas Nisto

[Letra de "Horas Nisto"]

[Verso 1: Damaz MC]
Se eu fechar os olhos
Agora quando o beat entra
Sinto a bater no peito
O coração a pedir licença
Ele entra e o sangue torna-se em tinta de caneta
É mais um pedaço de mim que sai esculpido nesta letra
No virar da ampulheta, eu vou continuar aqui
A mergulhar com a minha lanterna, a dar luz ao meu Black Sea
E quando as pilhas dela chegarem ao fim ?
Deixo o meu rasto de luz como um cometa aqui
Eu reencarnei-me num nome
Que não foi o que os meus pais me deram
E é com ele que as minhas correntes mentais aos poucos se quebram
Que procuro as receitas do que o no meu prato puseram
E afasto superficialismo, que ao meu redor se apoderam
Porque são horas postas nisto, a rimar e ouvir beats
A produzir, gastar BIC's
Em sessions e em improvisos
Com tic tac nos ouvidos
Dos relógios de fundo que não param
E só aumentam a pressão
Sempre que algo de novo eles lançam
Mas o tempo é uma criança que adora jogar à apanhada
Se eu corro atrás dela mais sinto a perna cansada
Mais sinto a vida pesada e mais ela foge de mim
Quando deviamos tar de mãos dadas e permanecer assim
Ele pode ser de todos, mas cada um vai ao seu
E cada um saberá rotular qual foi aquele que perdeu
Por isso eu vou no meu também, nisso não fujo à regra
Um dia como disto que plantei
Pois Todo o fruto tem a sua época

[Scratch: ALLEXIA]
São horas postas nisto, a rimar e ouvir beats
São horas postas nisto
Mas rap deu nas minhas horas um sentido
São horas postas nisto, são horas postas nisto
Horas de improviso, ouvidos por nós aqui

[Verso 1: Kyra]
Tentei aprender comigo ouvindo quem me apoiava
Ruido vindo do fundo oriundo do que emanava
Cai nas profundezas das prosas que procriava
E dai, ter incertezas com provas que me ditaram
Cai, mas rap meteu nas minhas horas um sentido
Sendo nestas o Messias que contestas no destino
E então? bati à sua porta em busca d'um abrigo
E então? ele acolheu-me como se fosse um conhecido
Irmão, a minha mãe não acredita no que o filho trouxe
Mãe avalia-me como se eu nem teu filho fosse
Ando a malhar no quarto, andar para desbravar o troço
E dar-te um carro, um novo andar num nono andar em Boston
Mãe acredita eu posso tanto, trazer na arte a paz cá
Trazer da campa o Saramago e ser amado vastamente
Com uma mente vasta no sofá tu estás ausente
Já está na hora de apenas não vivermos à rasca sempre
Sempre quis o que tenho aqui
Sinto que esta é aquela casa que sempre pertenci
E são horas nisto, horas com amigos
Horas de improvisos ouvidos por nos aqui
E agradeço esse preço que voçês me atribuem
Mas não há preço que compense o que contribuem
E quanto a mim, vou-vos deixando risonhos
Porque eu não passo dum puto a brincar com as cinzas dos meus sonhos