Homem do ano

Há quem me considere superficial…
Eu gosto de olhar para mim como super verdadeiro…
Seja a falar de família, mulheres, carros, roupa e dinheiro …
E tu?

REFRÃO

Hoje cheguei da terra do nunca
Recebido pela voz da minha mãe a sobrepor-se à minha música
Ela diz: “estuda, a vida fez de mim filha da luta
E eu venci para não a ver fazer de ti filho da puta”

Eu aceno, porque no fundo entendo
Que o meu fundo de desemprego a leve ao fundo do desespero
Ela diz que compreende, mas eu no fundo percebo
Que isso só dura até à data em que esse meu tal fundo chegue

Depois é tempo de crise e eu com excesso de desculpas
Por ela ter poupado no guito e eu nas palavras adultas
E é quando as discussões são muitas que eu entendo
Que ela ao dar-me vida me deixou em dívida para sempre

Vou crescendo e é ao deixar de ser puto
Que me apercebo que só o Rui Veloso é que tem todo o tempo do mundo
Mas dá-me tempo que eu juro ser bem sucedido
Tu foste como mãe, deixa-me também sê-lo como filho

REFRÃO

Não duvido que só serei bem recebido, se for bem-sucedido
E quem o tem sido, tem-me dito
Que só assim é bem-vindo

Eles dizem: “veste bem”
E eu digo: “que bem visto”
É mesmo isso que difere o homem que era, do que tenho sido

Ainda ontem era menino, hoje sem nexo ou por engano
Após sexo, elas tratam-me como homem do ano
À espera que eu proclame esse título com convicção
Mas comigo não, ser garanhão nunca foi o meu ganha pão

A solidão não me assusta
Prefiro o silêncio de uma ex relação do que o de uma relação furtuita
Porque, quando a tentação é muita, determina
Que há homens de ferro que são moldados a plasticina

Que há homens do género, que só largam a mentira
Quando mantém o diálogo honesto com os lábios de uma vagina
Mas isso não me intriga, cada um tem a sua vida
E escolhe o que quer, eu só quero viver a minha