​hey, mãe

[Verso 1]
Hey, mãe, não quero exagerar no drama
Mas já são quantas dores marcadas na comanda?
Traz outra dose que essa nem deu onda
Olha nós sorrindo de rolezin' na lama
Cê se foi com o sonho da casa própria
Mas me ensinou a sempre ter luz própria, né?
Vambora viver, não só pagar as contas
No vale deles nós é que somos as sombras
Pra quê será que os homens servem?
Se toda divindade tá nas mulheres
Engulo meu orgulho e aprendo com elas
Se tu não sabes, aprenda com elas
Difícil conviver até com quem se ama
Sempre esbarraremos em questões humanas
É hora de ver o senhor no banco dos réus
E rezar: mamãe nossa que estás no céu

[Refrão: 2x]
Deixe-me cair no chão, apodrecer
E voltar a ser semente
Mas não me torne natureza morta
Por favor, não me torne natureza morta

[Verso 2]
Hey, mãe, bença mãe, te amo muito
Imortalizada feito Dona Ana, Dona Jacira
É o meu intuito, o mínimo que posso
É fazer tua luta inspirar cada um dos nossos
Veja bem, não quero falar de tristeza
Mas alguns anjos mentem e o inferno traz certezas
Se fechar os olhos a mente amplia os traumas
Então bebe mais que essa vai doer na alma
Quitei as contas, antes cortei os pulsos
Guardei as mágoas, colori cada vulto
Lembrei dela falando: "Nem, não demora"
Antes que o café esfrie tenho que fazer história
Veja bem, capítulo por capítulo
Diz aí que já não sou um vencedor
Engoli a morte de minha mãe feito Cristo
Ambos dividimos a mesa com nosso traidor

[Refrão: 2x]
Deixe-me cair no chão, apodrecer
E voltar a ser semente
Mas não me torne natureza morta
Por favor, não me torne natureza morta