[Verso]
Já tive fodido em momentos de argumentos quentes
Perdido, no meio de parentes, com receio de pentes
Aflito, no meio de paredes, incidentes indecentes que não nomeio
Tornaram feio o paleio que sentes
Não dou com a língua nos dentes mas, se abrir a caixa
Mesmo que eu não diga, sentes, só de ouvir a faixa
Que houve alturas em que isto andou duro e eu era inseguro
Então não é só no futuro que eu não sei como aja
"Mas Filipe! O Filipe é tão bonito!
Tirou tantos vintes! Acho que nunca tive um aluno assim na Univ!
É um miúdo pensativo, com um grande futuro à frente!
Há-de ter um livro! É tão maturo e diferente!
É participativo e convive com os colegas
É expressivo. Cumpre as regras. Nunca tira negas
Não peca em nenhum aspeto, nem mesmo ao de leve!
É tão esperto e correcto. Vê-se na forma como escreve!"
E de que é que isso me serve se, o que eu levo desta vida
Não são prémios, nem conquistas, não são vénias, nem é guita..?
Ser um génio sem saída não proporciona felicidade
E embora não ambicione ser necessitado
Necessito que alguém me explique qual é o sentido disto
Para ver se me sinto fixe. Esquecer o quanto isto é triste
Porque é que eu existo se nem sequer me perguntaram
Se queria ter nascido numa terra onde otários param?!
"Mas baby, tu estás crazy! Tu tens tantos amigos..!
E todos eles curtem de fazer planos contigo
Tens os teus manos antigos, que te admiram e respeitam
A família que te estima e os beijinhos que te dei!
Então não desanimes. Mantém-te firme, por mim!
Just let it be! Sê assim: Mais tranquilo, mais chill
Não vaciles!
Eu sei que tens amigos que ainda aí estão
Segue só o trilho, e vais ver que assim te aceitam!"
Então e quando se aproveitam e deitam para o lume a confiança..?
É aí que um gajo assume que há mudança
Qual a herança que eu suporto e passarei
Se já nem esperança eu transporto, só me importo em passar bem?!
Ser um crânio ou ser underground? Diz-me tu!
Se só vai restar o primeiro no segundo no fim disto tudo
Não me assiste ser um triste, sem saber qual o motivo
Pelo qual eu ando nisto, que é estar vivo
Pois tudo aquilo que tive foi como aquilo que tenho:
Um mar onde eu derivo, e não deriva com o empenho
E eu não quero estar no rebanho, dread, eu quero etar no sbem com quem sou
Se aceito que não tenho como fazê-lo, já dei em louco
Mas, pelo passeio, vou mantendo as impressões
Mesmo, no fundo, sabendo que só me prendo a estas questões
Elas ficam cá guardadas, mas divulgo-as com a caneta
Trancadas, vou buscá-las ao fundo da 2ª Gaveta