[Verso 1]
Há quem me queira enrolado nas cordas do violino
Mas o marroquino trocou-te as voltas
Fechei as portas
Ao mainstream
Anda ao under ver como isto anda
O rap tuga é uma merda, eu afirmo
O que é que eu faço ao dream que tenho desde puto
Se eu sonho com o que rimo e rimo sobre tudo
Talento clandestino, rap em estado bruto
Sa foda o teu primo, os teus contactos
Eu estou firme dá-me palcos
Tipo que isto é tiro ao pratos, não quero matar candidatos
Enquanto houver saúde, somos gratos
Meu puto eu não mudo por lucro
Tenho o meu produto em todas as cidades
Mas pelo o meu estado de pureza
A droga não chega a todas as idades
Nunca estive tão certo das minhas qualidades
Nem andei tão perto de certas celebridades
Mas eu nunca forcei nada, nunca paguei nada
Que me levasse a ter novas amizades
Estou à beira de iniciar carreira por cá
Ou apanhar carreira p'ra Quinta do Poço
Mas o autocarro nunca passou por lá
2 dias depois vá lá que alguém me trouxe
Até ao portão do salão Valhalla
Onde a morte e a vingança partilham a sala
Onde a escuridão é o sol natural
P'ra todo o animal que acorda numa vala
Bala! Bala! Bala!
Meu tropa na Suíça nem português fala
Ansioso por voltar, não desfez a mala
Há quem corra o mundo à procura de paz
Quando sabe que no fundo nunca vai encontrá-la
Porra não tenho um tema certo
E certezas só tenho acerca disto
Isto faz com que eu me liberte
E com que a minha vida mantenha um registo
Dizem que o futuro promete
Yah! Se calhar ainda arranjo trabalho
Porque esta ideia de viver do rap
Tem muito Valentim de Carvalho
Huumm e isso não me soa bem
Prefiro que seja 50/50 por cada nota de cem
Aquilo que aparentava ser um contrato p'ra vida
Era um jogo de quem é quem
E de quem é a culpa
De quem é a luta sem ser minha
Se eu não me esforço
Posso até rezar o Pai Nosso
Que nem faço um vaquinha
Hoje agradeço a quem não me ajudou
Quem me pôs de lado, nem reparou
Que o pobre coitado tem o diabo no corpo
Como o padre que o baptizou
Eles vão à bruxa p'ra saber o futuro
'Tão a ver que a macumba nunca funcionou
Aquilo que me puxa eu misturo com o que sinto
E no fim eu só brinco com o flow
Por eles não cantava nem andava na via
Ficava onde estava e ninguém me ouvia
Emigrava p'ra ilha ou morria na praia
Se fosse essa lábia nem o Álbum saía
De kaya p'ra kaya até queimar a fita
Quem acredita dá força à minha dica
Quem sabe, sabe que aquilo que se aprende
Em casa na rua não se aplica