Fagulha (interlúdio)

Essa velha mania de romantizar o passado
Quando tudo parece bem melhor hoje
Essa ânsia de controlar o que não posso
E me esquecer das coisas das quais tenho controle

Durante o estado depressivo
Não havia nada que valesse a pena ser visto
Mas quando a morte se aproximou...
Temi, lutei e decidi jogar mais um dado

E para viver em um mundo sem sentido
Eu encontrei sentido naqueles que merecem ser amados
No entanto...
Hoje tenho me mostrado descontente com o que tenho conquistado

Temo estar me aniquilando ao me tornar mais ajustado
Perder a linha que diferencia quem eu sou
Do que me foi impresso por esses ideais
Vendidos em anúncios publicitários

E lá nos meus fones de ouvido, Jeff Buckley ainda murmura
Que a vida parece durar tempo demais
Que os sofrimentos só se estendem
E raros são os momentos de paz

Nossos avós sofriam porque tinham poucas opções
E nossa geração sofre por ter opções demais
Que ironia, quase todas elas vazias
Mas alguém esperava mais?

Mas em meio ás confusões, tropeços e lamentos
Me mantenho na ideia que eu conservo, viva
De conciliar aquilo que me é significativo
Com o que pode ajudar outras vidas

Escritos, aulas, estudos, esforço
Foi em meio a crise que surgiu o meu melhor
Pelo menos eu aprendi quando devo trancar meu auto-desprezo em um calabouço
E também aprendi a esquecer do meu pior

E eu sigo, lamentando...
Mas sem parar de tentar
E eu sigo, às vezes esqueço do amor
E é nos piores momentos que eu lembro onde procurar

Relento...
Mas se fosse pra desistir
Eu já teria feito isso há muito tempo