Fácil Criar Pt. 2

[Verso 1: Lazy]
É tão fácil criar quando tudo à nossa volta inspira
Desde os gritos da vizinha até à gera lá da vila
Noites são palcos pra quem não se insira nos moldes que a sociedade obriga
E aí entra bebida e o fumo que me leva pra perto do meu avô
Um vício de família é o coração perto da boca
Espingardar por tudo quando o nada sabe a pouco
Tempestades em copos de água de coco
Imagino-me deitado desligado do meu corpo na rádio
A tocar fado para acalmar este louco
Estranha forma de vida sempre à espera desse troco
De uma dívida que é paga ao darmos o último sopro
No princípio еra o verbo depois veio a guita
O homеm pisa a lua mas sem a cura pra sida
Vontade tão ambígua, verdades são mentira
Em céu aberto sofro de claustrofobia

[Verso 2: Rilha]
Focados no triunfo
Vão a jogo sem trunfo
Convocados em alturas
Não conhecem o fundo
Pecados são páginas
À qual eu evito consumo
Seu interior é oco
Como fruto sem sumo
Difícil é chegares ao topo
Sem o suar do poro
Se sonhar fosse fazer
Hoje dormia até logo
Eu vou a jogo no escuro
Numa de mostrar o dote
Que se eu perder há quem ganhe
É sempre rifa do lote
E eu pouco me importo
Em mim próprio denoto
Ter carreira no som
Não é ser cadeira no sótão
Na brincadeira com o clock
Vou visionando o ponteiro
Para ser uma cor choque
Dou-te uma coça primeiro?
Aqui ninguém roça interesseiro
Só dá medalhas de ouro
Comemos o bolo inteiro
Não há migalhas pó povo
Viajando sem roteiro
Vou planeando no céu
Rimas do meu cativeiro
Cative só quem as leu

[Refrão]
É fácil de criar ilusões
Pensar, sentir emoções
No princípio é bonito, no final nada é real
Estás a criar ilusões
Pensar, sentir emoções
No princípio é bonito, no final nada é real