[Intro]
Isso é que é estranho, fazer parte do rebanho
Isso é que é estranho, limitar a existência
Viver pela prudência, isso e que é estranho
[Verso]
Olha para ti antes de olhares para mim, aliás
Olha para todos os que estão aqui, a rodar assim
E vês que falharás pela vez que apontarás
Esse dedo gordo que réplica o gesto atrás
Nem por mal faz se é fundo e calcificado
Concebido num altar doutrinado, cansado
Repetido por quem tem passado, mas aceite como dado
Encarado como dado
Porque é mais difícil olhar de frente do que de lado
Vejo-os passar mais tensos que o farpado
Agarrados ao passado, a julgar quem tem julgado
Como se todo o mundo se tornasse um tribunal
E só saísse do olhar judicial quem é adepto do banal
Não faz mas chiba
Calado talvez consiga
Subir na vida
Assim pensa quem só sonha no soma e siga
A classe antiga, se não vendas a sabida fórmula repetida
És dos da briga, maluco louco drogado porco chunga ou mitra
Desvairada rapariga da judiaria
A quem troca noite e dia não se confia
É o que se diria
Mas a mentira já não é salga para a ferida
Somos todos diferentes e tal seria se não fosse
O exército amarelo é calabouço
Não sairia do poço fosse de igual forma o gosto
Mais um tentáculo dum polvo sem rosto
Terminação nervosa, da besta raivosa, Auto mutilo
Para não sentir a prova, não quero ser assim
Igual a ti, igual aos demais, antes dos tais
Avós netos filhos e pais, presidiário ou presidenciais
Todos a pensar na forma mais fútil de gravar a fita
Vidas acessórias ao que é a real corrida
A pensar no sprint, mas a prova é comprida
E ainda querem reter a integridade física
Se não importa como jogas
Apenas o engenho, tudo a fazer da mesma forma
Claro que vou achar estranho
Se a diferença é julgada com tanta raiva e empenho
A ferida foi mesmo feita
Vocês só cuidam do lenho
Isso é que é estranho
Qualquer forma de vivência anormal ao vai se andando
Toda a maneira dum forasteiro, se ir safando
Andar por estás ruas sem saber o que tenho
Tudo isto é normal, julgar é que é estranho
[Outro]
Isso é que é estranho, fazer parte do rebanho
Isso é que é estranho, limitar a existência
Viver pela prudência, isso e que é estranho
Estranho was written by João Pestana.
Estranho was produced by Komodo (PRT).
João Pestana released Estranho on Wed Sep 01 2021.