[Verso]
Olha-te ao espelho, diz me o que vês
Diz me o que sentes, partilha quem tu és
Eu sou um reflexo sem nexo que veio do sexo
Relax, diz me o que é que se passa no teu anexo
Na tua caixa mágica, no teu domínio
Aprende ensinando, sem caminhar p'ó declínio
Somos imagens, ilusões, efeitos sonoros
Somos sangue, suor e esperma caindo pelos poros
Não somos nada, mas no fundo somos tudo
Porque se não fossemos, nеm havia objecto de estudo
O homеm é um animal, e é o que mais se odeia
Mais longe do seu vizinho do que ’tá uma baleia
Temos proximidade mas pouca conexão
Desconfiamos de tudo, o ser humano é borrão!
Cada um tem legitimidade pa' ofender
Mas todos se ofendem quando nos mandam ir foder
Somos a santa virgem mas tenham cuidado connosco
Somos bué da maus mas todos protegem o pescoço
E o que é nosso, ai! o que é nosso ninguém toca!
Partilha não existe mas sim aluguer com nota pa' troca
Temos a mente porca, mas acusamos a badalhoca
E se tu das pa’ nasty, és logo um motherfocka
Como e que podemos alegar que um bebe é feio?
Quando o nosso e sempre o mais lindo do reino
Dualidade de critérios é o que nos define
Qualidade de méritos, ironia sem crime
Eu sou duma cor e tenho o meu esplendor
Mas assumo que tenho raça, fará isso uma flor?
Eu duvido, porque não faz sentido
Mas se não faz sentido porquê tanto alarido?
Parece a história de um honesto bandido
Às vezes não considero o homem assim tão evoluído
Quero viver num plano, mas não acerto os paradoxos
Sagrado e profano, como viver nestes modos?
Contradição é natura, do velho ao fedelho
Então pa' abrires os olhos, abre-os em frente a um espelho