Espelho

[Intro]

[Refrão]
Eu sinto me velho e este espelho é meio traiçoeiro
Só quando te vês por metade
É que te vês por inteiro

[Verso 1]
O cheiro já se torna comum
Num
Movimento em que se tornam todos mais um
Recuso absorver essas ondas de prazer momentâneo
Espontâneo é ver ondas de subcutâneo
Em simultâneo… espalhadas pelo corpo
Mas são palavras de um conterrâneo
Que descreve o dеsconforto
Ou que escrevе meio torto
Nas urgências do Hospital S. João no Porto
Ala dermatológica sem lógica
A fugir da demagógica
Abuso e parto beats
Enquanto mantenho atritos
Entre a minha pele e qualquer roupa que utilize
Não há beat que eu não realize
Só não se surpreendam que eu me meta no bizz
Acreditar e continuar a vivenciar sem ar
A respirar por poros de uma infeção misteriosa
Será que foi um Bixo uma bruxa ou uma prosa

[Verso 2]
Talvez uma rosa com espinhos a mais
Mas não vou falar mal dos teus pais
São iguais
Ao resto da sociedade que se associa a uma democracia
Que confia em anormais
Nos valores de fantoches numa romaria
Quando saem em campanha é favores noite e dia
Mas quando ganham eleições
Ninguém faz o que outrora prometia
Esta é a história que já te contei e que se repetia
Música sem mensagem para ouvintes sem cartilagem
Olha como é que os da cartilha agem
Tudo paisagem uma miragem
Olha a mensagem
É conteúdo escasso que se encontra
Tu aponta
Nem toda a gente faz para estar na montra
Camuflagem viagem
Olha a mensagem
Rap tuga tá com rutura de stock
Parecem dealers no covid
E o público que se foda, atiro shotclock
Caguei no que têm ouvido
Eu não tou agressivo
Tou só passivo, reativo
A mandar rimas da linha de três
Como no tempo do Desportivo
O meu círculo tem ficado mais pequeno
Mas eu estou pleno
Momentos do passado que recordo aos quais aceno
Presente só um copo como o do QVXNO
O meio gin está para mim como o buzzer no fim
Dos 24 ameno
Dos 24 amigo
Eu já não sou pequeno
Eu já só sou antigo