Entre o Paraíso e o Purgatório by Eduardo Taddeo (Ft. Jota Ariais)
Entre o Paraíso e o Purgatório by Eduardo Taddeo (Ft. Jota Ariais)

Entre o Paraíso e o Purgatório

Eduardo Taddeo & Jota Ariais * Track #19 On A Fantástica Fábrica de Cadáver

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Album A Fantástica Fábrica de Cadáver

Entre o Paraíso e o Purgatório by Eduardo Taddeo (Ft. Jota Ariais)

Release Date
Thu Dec 18 2014
Performed by
Eduardo TaddeoJota Ariais
Produced by
DJ Luiz Só Monstro

Entre o Paraíso e o Purgatório Lyrics

[Letra de "Entre o Paraíso e o Purgatório" com Eduardo Taddeo]

[Verso 1]
Quando liguei pro meu filho e outra pessoa atendeu
Meu coração me disse: "O pior aconteceu"
Era um PM informando que ele foi alvejado numa moto
Depois de passar atirando numa base móvel
Não era engano, era outra típica armação
Dos que quebra a própria viatura em manisfestação
Fui pro DP já imaginando seus restos mortais
Na pia de um Núcleo de Perícias Médico Legais
Pra minha surpresa entrou com vida num PS da Sul
Porque uma lei obrigou o verme esperar o SAMU
Corro em vão pra emergência do hospital
Não deixam eu ver o paciente sob custódia policial
Doutor que tem que autorizar não tá no plantão
Bateram com dedo de silicone o seu cartão
Só no outro dia o vejo algemado numa cama
Com tubo na garganta pra ventilação mecânica
Um gambé me impede de ficar pra acompanhar
Se acordar, quer ditar versão pra ele decorar
Não demorou pra a morte cerebral surgir no diagnóstico
Com um pedido de autorização pra doação dos órgãos
Mesmo abalado penso se for outro vantajoso laudo sem teste
Sem reflexo da córnea estimulado com cotonete
Tô indeciso porque o ato que salva 8 doentes
Pode dar férias no SeaWorld pra quem vende pedaço de gente

[Refrão]
Não quero ser um coração na corrente sanguínea de gelo
Nem suas córneas nos olhos que só enxergam dinheiro
De um lado, vidas; do outro monstros, com jaleco branco
Quem sorrirá se eu decidir ter um gesto humano?
Não quero ser um coração na corrente sanguínea de gelo
Nem suas córneas nos olhos que só enxergam dinheiro
De um lado, vidas; do outro monstros, com jaleco branco
Quem sorrirá se eu decidir ter um gesto humano?

[Verso 2]
Toda mão pobre entra em bom estado neurológico
Em uma semana, vira candidato a doação dos orgãos
Pra não sujar deixam sem monitoramento
Depois alegam que o enfermo não reagiu ao medicamento
Nesse prazo, a família semianalfabeta sem cabeça
Já se acostumou com a ideia da perda
Aí é só pegar o isopor com gelo
E levar o rim pra clínica que secrementamente atende estrangeiro
Quem brinca de Deus em Unidade de Terapia Intensiva
Ganha fotos nos corredores da classe rica
Além de orgãos, as doutoras Virgínias do Inferno
Geram demandas, empregos em funerárias, em cemitérios
Junto com o tour sexual nossa pátria repugnante
Oferece pro exterior turismo do transplante
É só fazer oferta pro médico certo
Que sua equipe coleta globo ocular até no necrotério
Como eu queria ter a chance real
De intoxicar um deles via sonda nasoenteral
Daora o bip acelerando no monitor cardíaco
Enquanto o fim vai da narina ao estômago do maníaco
É publico e notório: chegou baleado no hospital
Se tornou um doador cadáver em potencial
Não importa a frase escrita no seu RG
O órgão que interessar vão roubar de você

[Refrão]
Não quero ser um coração na corrente sanguínea de gelo
Nem suas córneas nos olhos que só enxergam dinheiro
De um lado, vidas; do outro monstros, com jaleco branco
Quem sorrirá se eu decidir ter um gesto humano?
Não quero ser um coração na corrente sanguínea de gelo
Nem suas córneas nos olhos que só enxergam dinheiro
De um lado, vidas; do outro monstros, com jaleco branco
Quem sorrirá se eu decidir ter um gesto humano?

[Verso 3]
Agora sei porque não dão informação
Sobre o destino de um fígado, um coração
Já pensou que puta dia trágico, infeliz
Descobrir que um gesto nobre salvou um Abílio Diniz
Além de cassação no Conselho Federal de Medicina
Deviam ter que doar seus órgãos em vida
Desconfiado, vou pagar por outra opinião médica
Quero ver se bate um parecer impresso em papel moeda
O advogado a peso de ouro conseguiu a liminar
Que permite tratar meu filho em outro lugar
Desfiz do Corsa, dos movéis, da residência
Pra arcar com o custo abusivo da transferência
Como esperar do exame onde a cura é vendida
Aponta funções cerebrais em perda definitiva
Pode ter sequela, bala alojada na ossatura
Mas de forma alguma sai sentido sepultura
Os infratores da Lei 9.434
Por pouco não depenaram mais um pra trocar de carro
Só me resta rezar pra quem tá nesse momento
Ligado à máquina de diálise, cilindro de oxigênio
Avisar aos receptores que os órgãos a disposição
Tão nas sedes governamentais da nação
Nas casas legislativas e no Pálacio da Alvorada
Todos sanguessugas tem morte encefálica

Entre o Paraíso e o Purgatório Q&A

Who wrote Entre o Paraíso e o Purgatório's ?

Entre o Paraíso e o Purgatório was written by Eduardo Taddeo.

Who produced Entre o Paraíso e o Purgatório's ?

Entre o Paraíso e o Purgatório was produced by DJ Luiz Só Monstro.

When did Eduardo Taddeo release Entre o Paraíso e o Purgatório?

Eduardo Taddeo released Entre o Paraíso e o Purgatório on Thu Dec 18 2014.

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