Entre a Cruz e a Espada

[Intro: Reinaldo]
Entre porcos e ratos, nem eu sei o que faço aqui
Tentando dar personalidade aos gado
Quê? Cês não tão nem ligado, ó meu
Mas sinceramente quase já me convenceu que errado sou eu

[Verso 1: Reinaldo]
Ganha as hienas ao redor da mesa sob a trilha que apologia
A fantasia, orgia, sem nada pra se preocupar
A não ser com a 9 e as vagabunda
Quase nem me faz lembrar ó, que lá em casa tem duas
Me esperando chegar pra ver o exemplo
Perdoa filha, mas o papai também não conseguiu ser perfeito
Quê que cê tá fazendo aqui tiozin, volta pra casa
Que quando não tiver ninguém lá vai ver como faz falta
Alguém me dá uma luz, me mostra um sentido
Já não consigo entender nem o que sinto
Talvez certo seja o Zé Povinho, o invejoso
Que no recalque diz que sabe as frase
E não enriquece o bolso
Me dá um fardo de desgraça então não tem sentido mesmo
Se o rap não muda nada e só alimenta a dor do preto
É quente memo, põe um som pra distrair, pra dançar
Porque hoje é sexta feira louca e nóis vamos chapar
Mas quando volta pra casa infelizmente
O Reinaldo não toca mais, mas o cenário ainda é deprimente
Também queria esquecer de forma definitiva
Que dei mais valor pros tru na rua que pra minha família
Que chamei de irmão
Quem mais tarde me traiu com um sorriso
Enquanto meu irmão sozinho planejava um suicídio
Minha irmã grávida do segundo sem estudo e moradia
Que nem eu quando firmei com a mãe das minhas filhas

[Refrão: Sample]
If tomorrow never comes and I don't see you again
And I just want you to know that my loving has no end
If tomorrow never comes and I just fade away
And remember this one thing that I love you today

[Verso 2: Reinaldo]
Como se fosse ontem ainda lembro ó jão eu mulecão
Alucinado a milhão, nos show tiozão
Minha coleção de rap, fita cassete gravada
Como uma espécie de convocação pra guerra ó parça
Mas vira a página que o tempo não para
As lembrança atrasa, saudade mata
E o que se foi nada apaga
As bala vêm de todo lado eu tô ligadão que a plateia
Traz pras recalca louco pra causar a queda
Demorou, tamo aqui monstro força então caminha
Que se tiver que ser pela verdade cuidei das minhas filha
O que me pois aqui foi perdas intimo com lodo
Independe de aplauso de quanto que vem pro bolso
Conheço o cheiro do esgoto, do gás lacrimogêneo
A imagem do corpo morto, do sangue grosso escorrendo
Em noite de natal com a tia em desespero, nervoso
Tentando ressuscitar o filho nos grito, cê é louco
Existe inferno pior que esse ainda memo?
Sinceramente às vezes penso que morrer até dói menos
Com a sensação de impotência perante as lágrimas
Quando palavras não compensa
Só dá um abraço e mais nada
Aos oito 7 moleques esfregando a pele no banho
Na ingenuidade um pivete tentando ficar mais branco
No conforto dos braços negros da minha mãe
Vai vendo, o que a sociedade faz com nóis desde pequeno
Entre propaganda, ídolos forjado, cruz
Onde até um cristo africano é branco de olho azul
Pode até destrancar a cela, abaixar os rifle
Quero ver seis conseguir fazer nóis se sentir mais livre

[Refrão: Sample]
If tomorrow never comes and I don't see you again
And I just want you to know that my loving has no end
If tomorrow never comes and I just fade away
And remember this one thing that I love you today

[Saída: Reinaldo]
Ai independente do Deus que te ampara na escuridão
Independente da sua crença ou religião
Que o sol da manhã que descreve
Uma nova chance pra tentar
Venha confortar seu coração irmão
Um salve geral, essa aqui fica pra vocês
Meus irmãos, minha família
Que se o amanhã não chegar
Palavras tentam descrever meus sentimentos de gratidão
Obrigado família
Obrigado rap nacional, por fazer de mim o Reinaldo A286
Entre a cruz e a espada!