[Verso 1]
Ei, presidente, li um dos seus livros
Um best-seller do socialismo
Confisssões, relatos sinceros
Um defensor da foice e do martelo, hã
Parecia, só parecia
Deixou pra trás a rebeldia
Pra assumir de vez a bandeira da covardia
Não? Então vejamos
Mal fazem trinta anos que nos afastam da farda
Dos soldados, dos companheiros mortos dos exilados
Dos exumados, queimados vivos
Queimas de arquivo
Dos cemitérios clandestinos
De um cidadão de nome ou destino
Dos atos institucionais
Do Brasil nunca mais
Tortura e você se faz de esquecido
Nega a autoria dos seus livros
Se alia aos antigos inimigos por comodidade
Ato cometido na quebrada só pelos caguetas mais covardes
Agora é tarde pra você, o povo não quer mais te ver
Caiu na real depois do conto do real
Tem até alta patente querendo antecipar seu funeral
Reagir
É proibido proibir, então ouvi ai
Terra seca falta d'agua
Talvez por isso guardo tanta mágoa
Dia de missa, Deus nos ajude
E na fazenda há dois amigos do congresso tem açude
Construida com a verba município destinada
A dor o sofrimento juntos são uma porrada
Civis, já foram três, do jetski
Ao vinho françes
Nossa diferença vai dar cor ao pensamento, sociólogo nojento
[Refrão x2]
Isso acontece porque o presidente
Não é gente, não é gente da gente
[Verso 2]
Um senhor pediu um troco, convidei pra sentar a mesa
Disse "pago tudo menos álcool, cigarro", assim seja
Sentou contou como ingressou no vício, se emocionou
Deixou mulher, filhos, veio em busca de emprego digno
Levantando cedo e nada
Bateu de frente com a cachaça
Tem mais de ano que não manda carta, dinheiro nem se fala
Horário eleitoral anuncia
Trabalho, cidadania, crescimento
Mortalidade em baixa, eu não tô vendo
Tem alto escalão e alta escala se vendendo
Ei, presidente, sua popularidade não parade cair
Sua acessoria diz que é fase
Inverte a situação com publicidade
Cria alternativas, monta um disfarce
Será que dá, seu João, conhece o Faustão
Nunca ouviu falar de rap
Pegou a fila do Ratinho pra produção, sua estória era leve
Não comovia, volte outro dia
Perto de casa tem o que o programa queria
Um velho com oitenta anos
Vivendo fora de seus planos
Sonhava com aposentadoria, o fundo de garantia
Governo Collor tudo retido
Menos da metade devolvido
Vive o pesadelo
Plaquinha "compra ouro", plaquinha de emprego
Ele é um dos que você em frente a todo mundo chama de vagabundo, me explica
Na inauguração da Globo em São Paulo
Você na primeira fila
Heliopólis queimou de ponta a ponta
Não consolou nenhuma família
Não se comovou com os prantos
E socorreu os bancos
FHC ou THC: pro meu povo o que é pior?
Sem você, ano 2000 melhor
Entregou o que com suor se construiu aqui
Aos grupos internacionais, ao FMI
Não vou mentir, omitir que você não é você
Você é simplesmente isso, é sujo, é podre, é lixo
E continua o bombardeio, bela gravata
Viagens com dinheiro alheio
Terno engomado pra agradar aos estrangeiros
Esposa ao lado, filhos, familia
Esquema escencial a sua quadrilha
Caviar, champagne, jantar de negócios
Os traidores da nação são quem são seus sócios
Aviso aos desavisados: estamos bem organizados
[Refrão x2]
Isso acontece porque o presidente
Não é gente, não é gente da gente