Quarta faixa do EP Contemporâneo, do rapper carioca MV Bill, lançado em 2015. A faixa relembra como o sistema penal brasileiro é falho.
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[Verso 1]
A escolha foi minha, eu vivia com pressa
Não pensei no plano B e agora tô nessa
Nessa cela, longe dos amigos, distante de você
Na moral, tô preso, mas achei que ia morrer
Pela quantidade de tiro que me atingiu
Pra mim tava tudo acabado quando o meu corpo caiu
No chão, esperando o SAMU só pensava em tu
E nos conselhos que meu deu Já era, fudeu, o martelo bateu
A sentença cantou, meu castelo tremeu
E agora preso na gaiola
Sem poder te ver, nem acompanhar minha filha pra escola
Vou tirar uma temporada
No mínimo uns 8 anos sem botar a cara na madrugada
Acabou o baile, acabou a farra
Acabou ostentação, deligaram a minha marra
Virei bola rasteira aqui dentro do sistema
Vou ficar no sapatinho pra não arrumar problema
Não tenho facção, não tenho regalia
Eu passo mó veneno e penso nisso todo dia
Pra não virar uma máquina de fazer inimigo
Só conto contigo no fechamento comigo
Aqui dentro vários traíra, vagabundo conspira
Coloca na bola da vez fabricando mentira
Dessa vez o advogado não me tira
Reincidente, quebrei a condicional
Sou inocente, possuído pelo mal
Guarde bem meu nome que eu conto contigo no final
[Refrão]
Se a liberdade cantar, quero te levar
Pra viver num lugar bem distante daqui
Se a liberdade cantar, prometo mudar
E acabar com o terror que eu botei e sofri
Fui preso de bobeira, falei mais do que devia
Pancadão a noite inteira, me tirou da sintonia
Fui preso de bobeira, falei mais do que devia
Pancadão a noite inteira, me tirou da sintonia
[Verso 2]
O processo no sistema é lento, leva tempo
Que falta que me faz um vento na cara
O relógio quase vara, lealdade é coisa rara
O que nos separa é grade, concreto e cimento
Meu BO foi pesado
Um kilo de pó, muito crack e um fuzil carregado
Tráfico internacional, bandido
Tentativa de suborno, tô fodido
Regime fechado sem direito a fiança
Entrei com o recurso e perdi a esperança
Apelação negada, de volta ao coletivo
Ocupando minha mente tentando me manter vivo
Com mofo, detento leproso
Respirando o mesmo ar de um cara que tá tuberculoso
Estado se ausenta
Na cela que era pra ter 15 tem mais de 40
Ninguém se recupera, ninguém se regenera
Eu só tenho você, liga nós e me espera
Só vou buscar a boa e não me envolvo mais em fita
Não quero ver você sendo humilhada na visita
Mas também não vou mentir pra você
Tô envolvido nessa porra pra matar e pra morrer
Tirar minha cadeia com dignidade, homem de verdade
Segura a bronca daquilo que cometeu
Quem entrou de bucha na parada errada foi eu
Tudo que eu tenho entocado de valor é teu
Você não se envolveu, o problema é meu
Papo reto, te devo lealdade
Não é qualquer mina que fecha na dificuldade
Ontem ostentando, hoje precisando
Quem sabe amanhã estaremos triunfando
Contigo por cima do perigo
Passando por cima de toda merda que aconteceu comigo
Vou refletindo aqui no pátio interno
E sobrevivendo no inferno
*Som de grades fechando*
[Refrão]
Se a liberdade cantar, quero te levar
Pra viver num lugar bem distante daqui
Se a liberdade cantar, prometo mudar
E acabar com o terror que eu botei e sofri
Fui preso de bobeira, falei mais do que devia
Pancadão a noite inteira, me tirou da sintonia
Fui preso de bobeira, falei mais do que devia
Pancadão a noite inteira, me tirou da sintonia