E eu tão pequeno

[Letra de “E eu tão pequeno”]

[Intro]
Ya
Negar a natureza do que somos
Não funciona por muito tempo
Mais tarde ou mais cedo a personalidade vai reclamar o seu lugar no centro da nossa existência
E tudo o que somos
Bom ou mau vem ao de cima
Há traços que por muito que tentemos nunca conseguiremos maquilhar ou camuflar
Características
Que nunca poderemos desprezar
Individualidades, pesam nos nossos ombros como pesos mortos
Nos nossos e nos de quem connosco 'tiver e ficar
São facas
Facas, de dois gumes
Dois gumes que espetam p'ra dentro e pa' quem 'tiver de fora
São comportamentos, automáticos, dolorosos e egoístas que nunca conseguiremos abandonar
São façanhas de um destino madrasto que não nos deixa melhorar
Partidas que pregamos com a língua aos olhos
C'os dedos ao cérebro
C'a voz aos ouvidos
O coração observa impotente a manifestação de rasteiras que pregamos a nós mesmos
E a quem nos deu o coração
É possível que seja uma situação
Irremediável

[Verso]
O mundo tão grande, e eu tão pequeno, tão frito a pensar na vida
'Tou fodido, ou já 'tá vivida
'Tou sem paca no cubs'
Só se empata ao futuro
19 anos e 'tou sem mapa no escuro
Aqui no fundo 'tou me a passar
O que é se passa no fundo
Só com fumo não vai passar
Mas dou uma passa no fumo
Enquadrado no metro
Pedrado, sozinho
Vontade dum rap puro
Aguardar o destino
Quem sou eu? Quem és tu?
E aquele é como eu ou como ele?
Ou como vê-lo
A Terra via muita gente
E eu tão pequeno
A Guerra Fria vai havendo cá dentro
E comoveu-me prever o que me vai acontecer
Sempre high ao ponto de ser uma gaivota a nascer, a beber e a fumar
Pa' dizer e gritar
"Deixa-me correr, deixa-me voar!"
No habitat sigo em frente
Normal e em frente
É o habitual evento
Vou dizendo em freestyle, é-te indiferente
É-me igual porque o diferente é igual
Nunca ciente e tal
Não quero os cento e tal
Vivo rápido
Mas se me sento e falo
É porque já vi que não é fácil ter um momento vital
E eu 'tou p'aqui a identificá-lo
Já me senti mal
Sempre que dá p'o torto
A mente diz ao corpo
"Tenho que incentiva-lo"
Mas e só se a idade se encaixar na sociedade
Que se sente rival
Os sonhos não são reais, mas quando adormeço acordo
Porque também ouço os tais, mano vê se acordas
Cabeça torta
Quero independência então não esqueço a porta
Mas tudo gira à volta da guita
E à pala dessa porca gira c'a voltagem frita
Até que apareça sorte e um fumo líquido
Porque só líquido fumo
Não sou um puto tímido
Já vivi de tudo, ou quase
Mas tass, e ainda assim me embaraço
No caso dão-me um abraço
E aperto a tecla espaço
Atrás de nós ficasse perto