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[Letra de "Diário de um Delinquente (Parte 1)"]
[Verso 1]
Mal acordo e o dia começa mal
O tempo está chuvoso
A fome bate à porta, penso no pequeno-almoço
Sem vistas para o futuro, passo a mão no meu rosto
Só para ver se ao menos fico bem disposto
Paro no momento, pensamento bloqueou
Revelo a revolta que esta vida me mostrou
Memórias de infância que o tempo não levou
Da casa do Diabo onde Deus nunca entrou
(Whuee, whuee)
Já nem sei o que pensei
Só sei que me lembrei e que notei que vacilei
(Já estás a falar merda)
Ya, caguei e andei
Eu falo o que eu quiser, sou ditador da minha lei
Visto a vestimenta, penteio a carapinha
Não há água no bidon, mas há água na vizinha
- Olá bom dia
- Será que posso encher o garrafão na sua cozinha?
- Na cozinha não, vai encher ao WC
(Eeeh, água potável com sabor a bidé)
Eu nem vou pensar o quê que ela lava lá
Eu só quero água para o banho e para o chá
Acompanhado de pão seco
Comprado à 3 dias na loja do Pacífico
O Pacífico já tem alguma fama
De vender artigos fora da semana
E se eu fui lá comprar o pão à cerca de 3 dias
Ora bem, 7+3...
O pão tem 10 dias!
Sa foda, eu não ando com manias
Não me vês a dar pra fino tipo essas tias
[Verso 2]
A humildade cobre as paredes da casa
Pingos de sangue completam o chão da sala
Colheres todas queimadas, garrafas furadas
Seringas escondidas, janelas quebradas
Prata, limões, tubos de caneta
Navalhas, balanças, polén na gaveta
A minha cota permitia (Permitia neh?)
Casa de chuto onde toda a gente ia (Ah pois)
Mas que sa foda, eu estou bem melhor na rua
A chillar com a minha turma, mentalidade maluco
Por isso vou já dar de fuga
Sem pensar nos meus problemas
Saio de manhã de casa para coltar só de madruga
Ratos no prédio acompanham a descida
O chão todo alagado, em cada piso uma piscina
Drogados foram fila para a minha moradia
Sob ameaça da vizinha que quer chamar a polícia
Enfim... saio do meu prédio, bato a esquina
Dou de caras com o José, conhecido por Zé Galinha
Um toxicodependente em constante correria
Sempre à procura de trocos para estoirar na drogaria
Independente disso até que o mano é bacano
Apesar de toda a gente lhe tirar pinta de tanso
Mas não falha ao compromisso
Dentro da missão do dia
Roubar nêsperas no quintal da Bruxa Marcolina
(Quem é?)
Uma garota que matou o seu padrasto
Junto com a sua mãe, deram-lhe veneno de rato
Espancaram o gajo, largaram o corpo no mato
A bófia descobriu e as duas foram de saco (Uau?!)
É ganda história mas o Zé não quer saber
O que lhe interessa são as nêsperas
Que estão boas para vender
[Verso 3]
A ganância agora impera no bairro
Dealers a competir o movimento mais pesado
Rapazes sem escola, sem carta, sem trabalho
Sem desculpas que justifiquem o dinheiro gasto
Yo, tanta espigaria
Surgem rusgas toda a hora
Tanta merda que acontece por causa da merda da droga
Já não basta em minha casa
Também tem que ser na tua
Daqui a pouco só encontro paz
Se for viver para a Lua
A chillar no meio das nuvens, imaginação maluca
Por isso eu dou de fuga sem pensar nos meus problemas
Saio cedo do meu bairro para voltar só de madrugada
Sigo o meu destino, em direção à bomba
A meio do caminho vejo o Jorjão e o Kaquana
Junto com Barriga, são os meus tropas de infãncia
Muita rebeldia desde os tempos da primária
[Verso 4]
A médica, uma senhora bué de bacana
Que dava biscoitos aos putos
Menos ao fim de semana
O que bastava era a gente bater à porta
E perguntar à cota se vínhamos em boa hora
Geralmente ele surgia lá com o pote
Carregado de bolachas com um cheiro bué de forte
Há chocolate velho, e o grupo está guloso
A babar de fome, está na hora do almoço
Na verdade as bolachas eram biscoitos de cão
Mas a gente não sabia (É fodido meu irmão)
Sa foda, comi e nem sequer encheu
Vou mas é à bomba a ver se roubo mais pitéu
Já na bomba apanho o Pitucha e o Minhoca
Dois putos lá do bairro que tentaram dar-me a boca
Ao banco da minha bike que estava à porta do cubico
Como é obvio, não papei
E fui buscar todo fodido
Mas hoje em dia, a gente fala numa boa
[Verso 4]
Chipmix, Kit Kats, Bolicaos e rebuçados
O limite chega quando os bolsos ficam apertados
São sumos nos casacos, varreria em toda a montra
Tanta espigaria, incrível que nem dá conta
Bazamos a correr para Alcoitão
Adrenalina em cima, o coração em combustão
Ninguém para, sinto força na cavalgação
Na volta a culpa é mesmo dos biscoitos de cão
Policia... grande estrilho, todos se borraram
Enquanto eu concentrava o mambo, os outros dois bazaram
Quando olhei para trás, só via a paisagem
Tive sorte, o Skoda só estava de passagem
Cagões de merda deixaram-me aqui sozinho
Ainda por cima fui na confiança e acabei fodido
Vou mas é pitar e dar de fuga
De seguida vou ficar pelo shopping até acabar o dia
Diário de um Delinquente (Parte 1) was written by Jackpot BCV.
Diário de um Delinquente (Parte 1) was produced by Slotmachine Produções.
Jackpot BCV released Diário de um Delinquente (Parte 1) on Mon Nov 23 2015.