Cinza na janela. Desce daí menino!
Desce e manda ela parar de te cobiçar
Bem nessa cidade o mal da necessidade
Nos mostra a diversidade pra fazer o mal passar
Não sara e o tempo passa, morre coçando ou caça
Sonho que a moral aborta, a rua vai abraçar
Cinza na janela. Desce daí menino!
Desce e manda parar de te amedrontar
Mal pisa lá fora, bem aonde você mora
O explorado e quem explora parecem se confrontar
Mas você ainda é criança, dispense essa herança
Assim todos os meninos tem bom conto pra contar
Cinza na janela. Desce daí menino!
Desce e manda parar pra você deitar
Bem vindo ao centro! Maldito seja o vento!
Pra quem dorme ao relento não tem o que aproveitar
Rua é via da casa, coberta é álcool e brasa
O que visita dispensa o de casa tem que aceitar
Machuca açúcar mascavo! Escravo, escavo
Escrevo e covas eu cavo, eu cor de cravo
Cravado no brasão “Brasil”. Brigas com rosa
Rasuram risos com razão. Reza é prosa
Própria pra pretos e pardos, com perdas e fardos
Fardas farejando feras, alvo de dardos
Fonte de dados, alvo de donos de fonte de danos
Deu em daninha, sem erva, manos. Minas!
Mistura brasileira, brasa e fogueira
Fuga da figura afro-afegã e sua cegueira
Certeira. Cercado e carteira, Id
ICMS, mercado e madeira, IP
E põe as mãos pro alto! Supõe que o pão na mesa
É buscado no asfalto, ofuscado e alteza
Abala frente a pente, prevê bala consente
Consome “olho por olho”, some “dente por dente”
Decadente! Atente
A esta estrela cadente
Cada ente caído, ido com pedido pendente
Perdidos por gigantes, jogados, dados a lua
Leões vivos, vigiando a vós... Vem povo, pra rua!
Sem rumo, nem remo, só cidade e sereno
Serão de ser vivo, vivão e vivendo o veneno
Morre em linha, em pausa, na pior. Gente merecedora!
Corre, pois minha causa maior é ensurdecedora
Cinza na janela... Desce daí menino Jesus