Descansar

[Verso: Matéria Prima]
O stress fala, não me escala, aí que te cala
Frita a massa encefálica que nem metálica no talo
Portas não mais abertas, seu galo perde e o calo aperta
Uma mão pede, você com a conta certa
Pra acertar a conta, nem te conto quanto devo
A fé de uns é colocada num trevo de folhas verdes
Num mundo preto e branco
Que te dá sola e te consola com solavanco
E vai levando na levada da vida, na batida seca
Num caminho decorado por muros e cercas
Você elege quem aleija o país
E quem te protege te alveja e não te diz
O que? Por quê? Quem foi? Ninguém viu!
Sumiu junto com a justiça e esperança no Brasil
Descrição de um cenário típico
De onde pra viver tem que ter fôlego olímpico (hã)
Pula essa cena obscena e vai rumo ao horizonte
Não encena que não tem problema, sei que tem um monte
Mas a merda só fede quanto mais se mexe no monte
E é nesse pequeno detalhe aonde o mal se esconde
E num é papo manjado, nem ladainha otimista
Que te leva pro ralo sem deixar uma pista
Mas ficar preso no peso é despesa
Já chega a pressão e pressa que te fazem de presa
Então relaxa, enquanto cada palavra se encaixa
E o nível de pressão se abaixa
Sai da internet, cai em outra rede
Ouvindo Sade e matando sua sede
Suco de caju, numa cachu fazendo um churras
Longe desse caos que te empurra
Do dia a dia que é uma surra
Quem bate o ponto é quem apanha
Depois do batente vai pro canto e se acanha
Tem quem não faz nada e se empolga
Outros carregam o peso do mundo num dia de folga
Por que o ócio é pecado, então rala mais
Só param pra descansar em paz
Fé em Deus que ele é justo, ei, irmão, nunca se esqueça
Mas abaixa a guarda, esfria a cabeça
Olha o exemplo que eu te dou
Depois do mundo pronto até o maior descansou

[Outro: Matéria Prima]
Longe da sociedade hipócrita
Tiro minha cabeça de órbita
Tudo que eu quero agora é descansar
Não quero ler a notícia mórbida
Empurrada pela mídia sórdida
Tudo que eu quero agora é descansar
Sei que o mundo é uma incógnita
Vivemos numa viagem sólida
Mas não me interessa, agora eu vou descansar