De Marte para Amar-te

[Verso 1]
Colecciono detalhes que saltam aos olhos
Imagens que me assombram num mundo de sonhos
Congelo momentos de vida em quadrados
Numa série de mosaicos, abstractos retratos
Vejo rostos em árvores, padrões em sombras
Animais em mármores, expressões em ondas
A realidade abana como uma lata de Montana
Alma vaporizada numa tela urbana
A grafite desliza na folha que a mente activa
O Posca risca, apetite segrega saliva
Cultura visual acumulada regurgito
Colagens e justaposições do infinito
Desenhos de luz, reflexões simétricas
Esboços de sagradas figuras geométricas
Tradução de sentimentos onomatopeicos
Da mescla de sentidos vertem novos conceitos

[Refrão - Maze]
Eu vim de Marte para amar-te, Arte
És o meu espelho, a minha catarse
Um reflexo da alma sem disfarce
É na Arte que encontro a felicidade
A Arte insiste em tentar elevar-te
Alargar o horizonte da humanidade
É o caminho que te leva à Verdade
A Arte existe para tentar libertar-te

[Verso 2]
Quando escrevo entro numa zona mental
Fundo-me, geminado no instrumental
Elaboro sequências de palavras intricadas
Uma miríade de imagens materializadas
Verbalizadas, pensamentos acumulados
Escaladas a estados mentais elevados
Meditações, inspirações da natureza
Caudal capaz de rebentar uma represa
Concentro, espremo, verto a minha essência
Genuína, eu sei que vês pela transparência
Livros, discos, peças, telas
Sorvo, absorvo, reciclo, filtro
Misturo na 1,2 3 moulinex interna
Mas nunca é cópia é a minha alma eterna
São filmes que realizo no cortex
Não manipulável, impermeável gore-tex

[Refrão - Maze]
Eu vim de Marte para amar-te, Arte
És o meu espelho, a minha catarse
Um reflexo da alma sem disfarce
É na Arte que encontro a felicidade
A Arte insiste em tentar elevar-te
Alargar o horizonte da humanidade
É o caminho que te leva à Verdade
A Arte existe para tentar libertar-te

[Verso 3]
Mergulho no vazio, sem pensamento
Concentração máxima em cada momento
Ritmado como o fluxo ondulante da cascata
Esvoaço elegante como uma garça
Rígido e flexível como bambu
Fortaleço o centro, com equilíbrio
Jactos de energia do núcleo ramifico
Fluido como líquido na harmonia do círculo
Visão da águia de precisão milimétrica
Da poética do movimento com técnica
Acção, reacção, contracção, expansão
Os pés desenham no chão uma constelação
Ligação directa entre o céu e a terra fria
As pernas são pincéis de caligrafia
Escrevo leis do Tao que uso a cada impulso
É simples, o Universo segue o seu curso

[Refrão - Maze]
Eu vim de Marte para amar-te, Arte
És o meu espelho, a minha catarse
Um reflexo da alma sem disfarce
É na Arte que encontro a felicidade
A Arte insiste em tentar elevar-te
Alargar o horizonte da humanidade
É o caminho que te leva à Verdade
A Arte existe para tentar libertar-te